JOGOS E BRINCADEIRAS DE MATRIZ INDÍGENA: uma proposta pedagógica para os anos finais do Ensino Fundamental
jogos e brincadeiras; matriz indígena; cultura corporal; educação física escolar.
A escola possui uma lógica de organização do trabalho pedagógico que, de maneira hegemônica, é oposta às cosmovisões indígenas de onde se originam diferentes saberes, como seus jogos e brincadeiras. Então como materializar o ensino de jogos e brincadeiras de matriz indígena, considerando seus contextos culturais, em aulas de Educação Física escolar? Essa foi a questão central que motivou essa pesquisa, realizada no âmbito do Programa de Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional (PROEF). Realizou-se com crianças/adolescentes com idades variando entre (11 e 13 anos), do 6º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública localizada no Distrito Federal. Como objetivo geral, apresentamos: identificar e analisar jogos e brincadeiras de matriz indígena e tratá-los pedagogicamente na escola numa perspectiva crítica. A partir desse objetivo, há três específicos: 1) Realizar levantamento de jogos e brincadeiras de matriz indígena; 2) Elaborar, desenvolver e analisar uma proposta pedagógica a partir do conteúdo Jogos e Brincadeiras de matriz indígena, numa perspectiva crítica. 3) Identificar e analisar, o que e como os estudantes se apropriam de conhecimentos relacionados a temática indígena e aos seus jogos e brincadeiras. 4) Elaborar um recurso educacional onde seja apresentado o levantamento de jogos e brincadeiras de matriz indígena e a proposta de contextualização desses conhecimentos. A pesquisa foi de natureza qualitativa, inspirada na pesquisa-ação e pesquisa-ensino e teve como fundamentação teórica: Pedagogia Histórico-Crítica (PHC), Abordagem Crítico-Superadora (ACS) e autores(as) indígenas (Munduruku, Krenak, Jecupé e Mura). Os instrumentos de pesquisa e de avaliação foram: observação participante com registros em diário de campo; caderno de anotação dos estudantes; questionário escrito com desenho e rodas de conversa. Como principais e resultados e reflexões apontamos que os estudantes ampliaram e aprofundaram seus conhecimentos a partir da proposta pedagógica que
possibilitou que estudassem e praticassem diversos jogos e brincadeiras de matriz indígena, se apropriando de conhecimentos relativos a nomenclaturas, conceitos, concepções, rituais, regras e técnicas, acessando parte fundamental da riqueza e diversidade dos povos indígenas de nosso país. Foram observados avanços na compreensão dos estudantes em relação ao senso comum ligados a estereótipos sobre os diversos povos indígenas e a inserção da cultura corporal como elemento importante da cultura de povos indígenas e não-indígenas. Por fim, o trabalho gerou um recurso educacional que é um material pedagógico, criado a partir do levantamento das brincadeiras e jogos e de sua pedagogização, que tem potencial para ser tematizado em aulas de Educação Física (EF) e ações/projetos interdisciplinares na escola, e que se destina, também, a professores(as) e demais pessoas interessadas nas temáticas.