Por uma outra ética do nascer: o saber das parteiras e a atenção perinatal à luz da bioética
Parteiras Tradicionais, Atenção Perinatal, Direitos Reprodutivos, Políticas Públicas, Bioética de Intervenção
Discute a contribuição dos saberes das parteiras para as políticas de atenção perinatal veiculadas no Brasil, valendo-se de aportes teóricos da Bioética de Intervenção. Apresenta o histórico da bioética enquanto campo do saber, fazendo uma leitura crítica de sua corrente hegemônica, conhecida como Principialismo. Realiza uma revisão histórica a respeito da constituição do modelo obstétrico brasileiro, a apropriação masculina do parto e dos corpos femininos por um Estado racista, patriarcal e colonial. Perpassa a discussão epistemológica que rompe com a neutralidade do conhecimento científico e a colonização dos saberes tradicionais. Discute a importância dos saberes das parteiras para a atenção perinatal e formulação de políticas públicas, evidenciando as contribuições e limites da Medicina Baseada em Evidências, atual ferramenta para fundamentação de políticas públicas e protocolos médicos. Conclui que a postura colonial da ciência moderna obstaculiza um diálogo de saberes que poderia ser frutífero entre a academia e as parteiras tradicionais, contribuindo para a manutenção de um sistema obstétrico violento e intervencionista. Urge por uma outra ética do nascer, constituída desde o Sul e que respeite e integre as contribuições dos saberes populares em sua constituição