UM OLHAR BIOÉTICO À ASSISTÊNCIA ÀS MULHERES COM DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL NO BRASIL
“_Doença Trofoblástica Gestacional; Bioética de Intervenção; Bioética Narrativa; Feminismo antirracista.
“ A Doença Trofoblástica Gestacional (DTG) é uma patologia rara, mas potencialmente grave, que afeta mulheres em idade reprodutiva e apresenta alta incidência no Brasil, especialmente entre populações vulneráveis. Apesar de ser amplamente curável com diagnóstico precoce e tratamento adequado, a DTG ainda é marcada por negligências, tratamentos inadequados e desassistência no contexto brasileiro. Esta tese busca analisar, sob a perspectiva bioética, os conflitos e desafios enfrentados na assistência às mulheres com DTG, considerando fatores sociais, econômicos, de gênero e raça. A pesquisa utiliza uma abordagem qualitativa e metodologias da bioética narrativa para explorar os relatos de pacientes, os entraves no sistema de saúde e os impactos físicos, emocionais e sociais da doença. Fundamentada em categorias da Bioética de Intervenção, corporeidade e feminismo antirracista, a tese discute como as desigualdades estruturais e o racismo institucional agravam a situação dessas mulheres. Entre os principais achados, destacamse as dificuldades no diagnóstico precoce, a falta de informação e acompanhamento adequado, além da violência obstétrica e das barreiras sociais que dificultam o acesso a tratamentos e o seguimento médico. A tese também evidencia como as desassistências refletem escolhas morais e preconceitos de gênero e raça que permeiam o sistema de saúde. Como contribuição, o trabalho propõe recomendações voltadas à formação de profissionais de saúde, melhorias na organização dos serviços e políticas públicas que promovam a equidade no cuidado. A bioética é apresentada como uma ferramenta indispensável para enfrentar as vulnerabilidades e transformar a assistência às mulheres com DTG, garantindo dignidade, proteção e melhores condições de saúde. Essa análise não apenas preenche lacunas na literatura bioética sobre a DTG, mas também promove um debate interdisciplinar sobre saúde pública, justiça social e o papel das narrativas na construção de práticas mais humanas e inclusivas.