Narrativas do Biotério: relações éticas e cuidado com os animais experimentais
bioética; experimentação animal; animais de Laboratório; sexismo
“_Esta tese [em construção], produto de um esforço transdisciplinar, é uma leitura sobre o cotidiano da experimentação animal brasileira. É um olhar analítico feminista, situado, para os biotérios. O momento histórico, marcado pela promulgação da Lei 11.794, de 08 de outubro de 2008, é de transformação social no uso científico de animais. Desde então, há normas e penalidades. Há ética? O uso ético de animais, sentido de ética predominante no campo, é norteado pelos princípios dos 3Rs (Replace, Reduce and Refine) e há um esforço discursivo para relacionar o bem-estar animal com a qualidade científica. Agora, o discurso por uma Cultura do cuidado os complementa. O que é Cultura do Cuidado e quais caminhos nos levam (ou não) até lá? Primeiro, é preciso mapear o campo. Por isso, baseada em experiências e em revisões de literatura narrativas, escrevo ensaios sobre a absurdidade do uso de animais em pesquisas científicas e os conflitos concretos do cotidiano. Em seguida, converso com outras médicas veterinárias (os) sobre suas experiências de trabalho com animais experimentais. Até o momento, onze colegas foram entrevistados, identificados por codinomes ao longo do texto. São histórias de escassez, negligência, desrespeito, mas também de amor, cuidado, diligência e ética. Seguirei outras controvérsias cotidianas: por que há resistência ao princípio do Refinamento? E o que permite práticas irresponsáveis? Por fim, esboço um plano de capacitação em ética para usuários de animais. O momento é propício para ação, pois a comprovação de treinamento para o uso de animais é obrigatório desde 31 de maio de 2023. A partir de um experimento de pensamento, que combina as experiências cotidianas e as diferentes moralidades, e com aportes da bioética narrativa e das práticas pedagógicas dialógicas, perguntarei a eles: Podemos adoecer os animais e não os amar? ”