“BIOÉTICA E ALIENAÇÃO: ENTRE O IMPERIALISMO MORAL E A COLONIALIDADE DA VIDA”
“bioética; bioética crítica; colonialidade da vida; imperialismo moral; alienação.”
“O presente trabalho investiga bases para uma bioética crítica radical, tomando como ponto de partida uma lacuna teórica identificada em seu arcabouço: a desconexão entre a crítica ao imperialismo moral (imposição de padrões éticos hegemônicos) e à colonialidade da vida (hierarquização e exploração da existência). Superar essa lacuna exige uma fundamentação materialista capaz de explicar a gênese comum de ambos os fenômenos. O argumento central desta tese é que o conceito de alienação, reconstruído a partir da teoria marxista e enriquecido por uma perspectiva periférica, oferece a chave explicativa para essa articulação, ao desvelar os processos de despossessão que fragilizam a autonomia ética das populações e naturalizam sua exploração. O objetivo geral é analisar essa relação, propondo a alienação como categoria mediadora para uma bioética crítica. A metodologia consiste em uma pesquisa teórica qualitativa de natureza qualitativa, que articula a análise conceitual dos escritos de Marx com a revisão crítica da literatura secundária e do campo da bioética. Os resultados demonstram que a alienação, enquanto categoria sócio-ontológica, não apenas constrói uma ponte teórica entre os dois conceitos, mas revela sua relação dialética intrínseca: a dominação política e a exploração socioecológica são faces complementares de um mesmo processo de alienação. Como conclusão, constata-se que a incorporação do conceito de alienação amplia significativamente o potencial analítico e emancipatório da bioética crítica, oferecendo um instrumento robusto para o enfrentamento das crises contemporâneas, conforme demonstrado na análise da crise climática enquanto expressão paradigmática dessa dinâmica.”