A CONSTRUÇÃO DA CARREIRA E IDENTIDADE PROFISSIONAL DAS MULHERES JORNALISTAS QUE ATUAM NOS SETORES DE COMUNICAÇÃO DOS INSTITUTOS FEDERAIS: uma abordagem étnico-racial
mulheres jornalistas; Instituto Federal; gênero; identidade étnico-racial; carreira.
Esta pesquisa procura identificar a construção da carreira e identidade profissional das mulheres jornalistas que atuam nos setores de comunicação dos Institutos Federais (IFs), estabelecendo, para além do recorte de gênero, uma perspectiva étnico-racial. A partir de uma abordagem exploratória e descritiva do objeto de pesquisa, o trabalho das e dos jornalistas nos IFs, o estudo contextualiza a atuação dessa profissional em comunicação organizacional e nas assessorias de comunicação, abordando o jornalismo enquanto uma profissão que vem passando por transformações. A metodologia proposta consiste no levantamento de dados abertos em portais do Governo Federal, aplicação de questionário, à semelhança do realizado por Lima et al. (2022), para a produção do perfil do jornalista brasileiro, e a realização de entrevistas em profundidade, que nos permitiram relacionar a construção de carreira de quatro mulheres, cada uma pertencente a uma identidade étnico-racial brasileira, dentro da perspectiva da sóciohistória. Diante das etapas de pesquisa realizadas, apontam-se como resultados que o perfil das e dos jornalistas dos Institutos Federais se converge com o do jornalista brasileiro, o que nos permite falar em jornalistas, do gênero feminino, com menos de 40 anos e brancas. Outro resultado é que a maioria dessas profissionais atuou, anteriormente, em outras assessorias. Destaca-se também a ida para o serviço público como uma forma de obter estabilidade profisisonal e qualidade de vida em meio a cortes e condições precárias de trabalho nas empresas privadas. Os e as jornalistas que atuam nos IFs, em resposta ao questionário on-line, apontam para precarizações estruturais, mas se dizem satisfeitos com o seu trabalho, principalmente no que se relaciona à carga horária respeitada, além de uma atuação em assessorias de comunicação, evidenciando maior autonomia no serviço público. A pesquisa revela um perfil predominante de mulheres jornalistas, brancas, pós-graduadas, casadas, com estabilidade de 9 a 12 anos no IF. Ao abordar desigualdades étnico-raciais e socioeconômicas, com destaque para a necessidade de políticas de inclusão, aponta ainda para a presença do triplo teto de vidro gênero/raça/classe (Moura e Costa, 2018; Moura, 2019) nas carreiras, com ênfase nos desafios enfrentados por mulheres jornalistas. Conclui com a evidência da feminilização do jornalismo nos IFs e da busca por qualidade de vida e estabilidade na carreira.