Banca de DEFESA: Leonardo Caldas Vargas
Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Leonardo Caldas Vargas
DATA : 12/09/2024
HORA: 14:30
LOCAL: PPG/FAC
TÍTULO:
GENTIL DO OROCONGO: UM ESTUDO DA FABULAÇÃO PARA ALÉM DO IMAGINÁRIO HEGEMÔNICO
PALAVRAS-CHAVES:
Fabulação. Gentil do Orocongo; Orocongo; Ancestralidade; Documentário.
PÁGINAS: 269
RESUMO:
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A pesquisa tem como sujeito/objeto os saberes de Gentil do Orocongo, por meio dele foi analisado o processo de fabulação como estratégia de produção discursiva em culturas consideradas às margens. Nesse caso, margens está compreendida a partir do conceito de Jacques Derrida, filósofo que em seus estudos demonstra que todo o pensamento ocidental se baseia na ideia de um centro: uma verdade absoluta, um Deus, uma presença, que se escreva em letra maiúscula, com o intuito de garantir o significado de tudo. Nesse contexto, o filósofo aponta para o problema dos “centros” e sua onipotência que acaba por excluir os demais, ignorando ou marginalizando seus conceitos. Nessa reflexão, emerge como potência Gentil do Orocongo que com sua resiliência consegue criar pontes culturais entre mundos distintos. Para o estudo, utiliza-se da fonte documental de mais de 60 horas de gravações em vídeo, que acompanham a dinâmica de Gentil Camilo Nascimento Filho, morador do Monte Serrat, no Maciço do Morro da Cruz, em Florianópolis, SC (1945-2009), no começo dos anos 2000. Ele era um dos únicos especialistas e divulgadores do Orocongo – instrumento musical originário do Cabo Verde que, no final dos anos 1980, foi “redescoberto” por ele e sobreviveu por suas mãos no folclore da Ilha de Santa Catarina. É preciso lembrar que Florianópolis é uma cidade que, em sua essência, sempre manteve os negros à margem de sua sociedade. Para desenvolver o trabalho, objetivou-se identificar como Gentil do Orocongo conseguiu manter seu legado vivo até os dias de hoje. Com o intuito de responder: a) como Gentil do Orocongo conseguiu, através da fabulação, romper barreiras e tornar o seu discurso, um discurso de interesse social e cultural; b) como Gentil do Orocongo conseguiu cruzar culturas e imprimir características africanas em uma sociedade embranquecida; e c) como Gentil do Orocongo se mantém vivo e consegue cruzar pontes para a ancestralidade. A partir da análise dessas imagens, abordou-se a importância da fabulação, com uma forma de recontextualização, por meio das brechas do tempo, do processo de elaboração de um documentário. Para atingir o objetivo proposto, utilizou-se como estratégia metodológica a análise documental do material captado para elaboração de um audiovisual sobre o personagem, articulado com o referencial teórico de autores como Deleuze, Jacques Derrida, Paul Ricœur, Jacques Rancière, Michel Foucault e Consuelo Lins, com o intuito de reconhecer como nesses espaços surgem as vozes que podem romper os discursos hegemônicos excludentes daqueles que estão à margem do discurso tradicional. Além disso, através de autores que desenvolvem teorias focadas na africanidade e a sua herança cultural é possível compreender de fato o legado de Gentil do Orocongo que está centrado em sua ancestralidade. São eles: Nei Lopes, Luiz Antônio Simas, Luiz Rufino e Jeruse Romão. Uma análise que percebe na escuridão da contemporaneidade o “devir” que, como propõe Agamben, neutraliza as luzes do tempo para descobrir nas trevas que o “escuro” é bastante especial. Um material produzido há 20 anos que agora serve como fonte de memória para perpetuar a ancestralidade de Gentil do Orocongo.
MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - ALEXSANDRO GALENO ARAUJO DANTAS - UFRN
Interna - 2688226 - FABIOLA ORLANDO CALAZANS MACHADO
Presidente - 2688837 - GABRIELA PEREIRA DE FREITAS
Interno - 2229332 - GUSTAVO DE CASTRO DA SILVA