CINEMA DE SERTÃO CONTEMPORÂNEO (2010-2020): contribuições poéticas da direção de fotografia
Cinema de Sertão. Cinematografia. Cinema de Poesia. Teoria de Cineastas.
Nessa tese, testamos a hipótese de que existe uma direção de fotografia poética no Cinema de Sertão contemporâneo, criando e transformando seus personagens, espaços e paisagens, contribuindo para sua consolidação enquanto gênero cinematográfico específico. Essa poesia pode se expressar de modo dominante como um conceito visual que envolve toda a narrativa ou, de modos pontuais, como instantes poéticos que marcam a memória do espectador. Analisando um corpus composto por 30 filmes de ficção lançados entre 2010 e 2020, utilizamos como método a análise de cenas, a crítica de processo e a análise fílmica. Também utilizamos a realização e coleta de entrevistas a diretores de fotografia, guiadas pela sugestão de abordagem da Teoria de Cineastas em sua forma mais atual, que contempla todo profissional criativo envolvido na realização de um filme. Dividimos o texto em seis grandes partes: uma introdução, contextualizando o objeto de pesquisa, a estrutura da tese e principal marco teórico utilizado; o capítulo 1 – Origens do Cinema de Sertão, onde fazemos um levantamento histórico das abordagens desses cenários na cinematografia desde os anos 50; o capítulo 2 – A poesia e a consolidação do gênero, identificando elementos poéticos importantes nesse conjunto de obras e adentrando conceitos como o Sertão-mar, de Ismail Xavier; a intertextualidade, a partir de Robert Stam, Gérard Genette, Tiphaine Samoyault e Mikhail Bakhtin; e o discurso indireto livre, via Pier Paolo Pasolini. No capítulo 3 – Imagens poéticas no Cinema de Sertão contemporâneo, elegemos sete categorias de análise, típicas da direção de fotografia para a observação dos filmes mais recentes: iluminação; movimento; cor; enquadramento – que traz o subitem da contiguidade; ponto de vista; efeitos e intertextualidade, colocando lado a lado obras que façam uso desses recursos e contextualizando-as dentro da história do Cinema de Sertão, além de estabelecer contato com perspectivas teóricas a respeito da poesia, da imaginação e da linguagem cinematográfica. No capítulo 4 – Atuações da Paisagem, via Anne Cauquelin e Gaston Bachelard, relatamos a atuação do cenário como articulador poética mesmo nos filmes de cinematografia mais literal. Na conclusão, por fim, enfatizamos a confirmação do Cinema de Sertão como gênero emancipado e da direção de fotografia como elemento fundamental em sua consolidação, além de fazermos uma síntese das perspectivas e reflexões abordadas ao longo de todo o texto.