Identidade profissional nas fotografias de cena de crime: uma comparação entre a fotografia forense e o fotojornalismo
Fotografia, cena de crime, fotojornalismo, fotografia forense, identidade
profissional.
As fotografias de cena de crime podem ser encontradas tanto em arquivos policiais, compondo laudos periciais, como nas páginas de jornais, ilustrando notícias de violência urbana. Apesar de representarem um mesmo evento, essas imagens se diferem entre si pois são produtos de dois campos profissionais distintos, o jornalismo e a ciência forense, que possuem convenções diferentes. Este estudo se propõe a investigar as identidades profissionais desses dois meios de produção de fotografia de cena de crime e perceber como, no ato da fotografia, essas identidades se manifestam. Para atingir esse objetivo, um método de análise de imagens qualitativo e comparativo, em que alguns critérios de avaliação foram desenvolvidos a partir de uma revisão bibliográfica e outros de forma indutiva, foi utilizado com o intuito de investigar a fotografia como prática comum entre dois contextos bastante diversos. Um corpus de fotografias foi formado a partir de três notícias de crime ocorridos no Distrito Federal e dos seus respectivos laudos periciais, resultando em um total de 36 fotos de jornais on-line e 132 fotografias forenses. Os conceitos de convenções, mundo dos jornalistas e identidades profissionais são explorados no trabalho como formas de compreender a fotografia, entendidas como resultado das rotinas e práticas dos meios em que são produzidas e utilizadas. Além da análise de imagens, a realização de seis entrevistas possibilitou uma aproximação entre o discurso dos profissionais e suas produções fotográficas. Ao fim, é possível acessar as imagens analisadas a partir das identidades profissionais de seus autores, vinculadas às formas de agir dentro de seus grupos de atuação. A percepção posiciona a cena do crime como um espaço visual construído, a partir de diferentes práticas e propósitos, em dois meios de representação distintos, dentro dos quais adquirem forma e sentido. O fotojornalismo se mostrou próximo a emoções, tanto em suas representações como na escolha pela profissão, que enfrenta um momento de precarização em que seus participantes desenvolvem formas inovadoras de atuação. Já a perícia criminal se apresentou em um contexto de produção de provas em que seus profissionais transitam entre diferentes mundos, o da ciência, o policial e o judiciário, de forma que buscam traduzir seus resultados e se antecipar às demandas para os seus públicos.