Transformações do Jornalismo Brasileiro de Música no Século XX [1896-2001]
Transformações do jornalismo; Jornalismo de Música, Jornalistas de música.
Originário tardiamente em meados do Século XIX, o jornalismo brasileiro de música passou por inúmeras transformações, e também por algumas permanências, que foram retratadas ao longo de mais de 200 periódicos especializados laçados no país desde 1848. Usando especialmente os preceitos teóricos de Jean Charron e Jean De Bonville (2016), o objetivo desta tese foi fazer um estudo comparado de cinco periódicos brasileiros especializados em música lançados em décadas diferentes para identificar os determinantes de permanência e de transformação editoriais e dos grupos de produtores de conteúdo ao longo de um século, levando em consideração os contextos históricos dos periódicos especializados em música. Os periódicos estudados foram: A Música Para Todos (1896-1899), Ariel (1924-1929), Revista da Música Popular (1954-1956), Rolling Stone (1972-1973) e Bizz (1985-2001). Foram estudados três aspectos centrais: a identidade editorial, os produtores de conteúdo, e 100 textos sorteados de 20 produtores de conteúdo que destacamos na pesquisa. Detalhamos a identidade editorial utilizando o método da análise de conteúdo. Os grupos de produtores de conteúdo e as características desses foram identificados por meio da análise das biografias coletivas. Por fim, fizemos leituras parafrásticas e de acontecimento dos textos escolhidos por sorteio. Nossas pesquisas mostraram que o jornalismo brasileiro de música se transformou na medida em que as missões editoriais moldadas pelos editores e editoras foram modificando. O jornalismo musical com base na música erudita que predominou no Século XIX tinha, entre outras, uma missão editorial pedagógica. O éculo XX trouxe o desenvolvimento da indústria fonográfica e, com ela, a predominância do jornalismo musical com base na música popular, empurrando o campo erudito para as academias. A missão deixou de ser pedagógica e se transformou em uma orientação para o consumo. Essa passagem de tipos de missões ocasionou em mudanças de perfis dos editores, dos produtores de conteúdo e dos temas discutidos nas páginas dos periódicos. O jornalismo musical também apresentou mudanças que acompanharam as inovações tecnológicas e da prática jornalística de cada época, mas nenhum dos periódicos estudados em detalhes foram agentes que engatilharam transformações. Permanências também foram identificadas, especialmente em relação aos pontos que constituem a identidade editorial, como formas de sustentação e do tipo de conteúdo oferecido.