ENTRE O CONCRETO E A CARNE: OS SONHOS DA CIDADE DO FUTURO NAS FOTOGRAFIAS DE MARCEL GAUTHEROT
Gautherot; Modernismo; Fotografia; Brasília; Futuro; Sonho; Esperança; Trabalhadores
O trabalho a seguir parte do pressuposto de que as fotografias são emaranhados de tempos – neles está contida uma espécie de inclinação para o futuro, presença das expectativas do passado, como pensaram Benjamin (1987), Cadava (1997) e Lissovsky (2014). Esta premissa possibilita que vejamos o trabalho fotográfico de Marcel Gautherot acerca da construção de Brasília como um arquivo de sonhos entrecruzados – de seus sonhos, dos sonhos do poder e dos sonhos da classe trabalhadora. Hoje, essas imagens cristalizadas pelo olhar do fotógrafo francês reverberam não apenas o que aconteceu na época em que a cidade se erguia, mas também as múltiplas expectativas que habitavam sua construção. O objetivo deste trabalho ensaístico é, desse modo, fazer ver nessas fotos a complexidade da relação entre fotografia e futuro. Tratou-se de entrelaçar a leitura das imagens com sua história, com a história do fotógrafo, com a da construção da capital e a de quem a construiu. Neste sentido, o presente trabalho se desenvolveu a partir de três séries fotográficas que constituem constelações imagéticas que desdobram problemas conceituais e históricos nos três capítulos da dissertação. Em um primeiro momento, analisamos os sonhos do progresso. No segundo, a imaginação modernista das vanguardas arquitetônicas e fotográficas. E, por último, os sonhos dos trabalhadores, aqueles que aparecem nos vãos da utopia brasiliense.