Mulheres em devir: afetos e encontros com imagens do cinema brasileiro pós-retomada
Pendular; Café com Canela; Um dia com Jerusa; imaginários; mulheres; afetos; gênero; raça.
O intuito desta pesquisa é entender as implicações da presença das mulheres como diretoras e protagonistas na produção de suas próprias imagens no cinema brasileiro da pós-retomada. Mais especificamente, busco na cinematografia nacional recente outros imaginários possíveis – desviantes de regimes de visibilidade e sensibilidade normativos – acerca das mulheres, considerando a intersecção entre gênero, raça e sexualidades. Articulando reflexões sobre os estudos feministas pós-estruturalistas, negro e decolonial à teoria dos afetos como abordagem de pesquisa, analisarei três longas-metragens de ficção dirigidos e protagonizados por mulheres: Pendular (2017), de Julia Murat, Café com Canela (2017), de Glenda Nicácio e Ary Rosa, e Um dia com Jerusa (2020), de Viviane Ferreira. A partir da cartografia dos afetos nos filmes (DELEUZE, GUATTARI, 1997; ROLNIK, 2016; KASTRUP, 2020; ROSÁRIO; COCA, 2018), pretendo compreender como narrativa, poética e estética fílmica costuram um olhar sensível/afetivo às mulheridades que desloca os sentidos instituídos e potencializa a apresentação de devires. Esta análise será cruzada às leituras afetivas do público observadas em pesquisa de recepção cinematográfica, a ser realizada com dois grupos de discussão a partir de um dos filmes do corpus.