Banca de QUALIFICAÇÃO: Elias Francisco Fontele Dourado

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Elias Francisco Fontele Dourado
DATA : 21/07/2023
HORA: 14:00
LOCAL: PPG/FAC
TÍTULO:

O jogo da comunicação e a comunicação do jogo: geografias da memória e da reflexão para a constituição de uma hermenêutica comunicativa


PALAVRAS-CHAVES:

Memória; História; Linguagem; Comunicação; Finitude.


PÁGINAS: 34
RESUMO:

Esta tese possui três capítulos, assim nomeados: O templo da memóriaA hermenêutica comunicativa e O jogo da comunicação e a comunicação do jogo. Uma pergunta geral norteia nosso trabalho: como a diferença entre memória e história pode ultrapassar a finitude enquanto transcendência do contemporâneo? O itinerário do primeiro capítulo é, de forma simultânea, uma recapitulação do percurso histórico-epistemológico em As palavras e as coisas, de Foucault, bem como uma reflexão introdutória sobre a memória enquanto linguagem que garante comunicação. Partimos de uma pintura de El Greco, uma cena religiosa, para meditar sobre a relação íntima entre comunicação e mundo. Tal como Foucault em seu livro, tratamos do desaparecimento iminente do “homem”, esse substrato que decorre do esvaziamento da representação no século XVIII e das transcendências que ululam no século XIX, a saber, a história, a vida e a linguagem, cada uma em sua especificidade. Não concordamos, ao menos nesse quesito, com o diagnóstico de Foucault. Para nós, ao longo deste primeiro capítulo, fica nítido como “homem” não abrange, por exemplo, a inexistência do negro enquanto humanidade. Outro tipo de comunicação se faz necessária. O segundo capítulo, apoiado nos diagnósticos foucaultianos e naquilo que detectamos como ausências ou falhas em sua análise, pretende apresentar o que chamamos de hermenêutica comunicativa. Partindo de alguns teóricos da comunicação, especialmente os interacionistas e aqueles que a conectam com a dimensão de uma linguagem que busca a compreensão, apontaremos para aquilo que chamamos de a grande ilusão da finitude. Sendo a comunicação também uma área que analisa a compreensão daquilo que é comunicado, está em conexão profunda com a hermenêutica. No entanto, a hermenêutica filosófica, na esteira de Heidegger e Gadamer, não pode dar conta da comunicação enquanto linguagem e memória. Apoiada na historicidade, a hermenêutica filosófica se pergunta pelas condições de possibilidade da compreensão, que está na temporalidade histórica. A hermenêutica comunicativa, na contramão, se pergunta pela possibilidade de haver condição. A história, que para Foucault é uma transcendência do século XIX, herda de Kant o projeto das condições de possibilidade. Mesmo Foucault ainda se presta a esse maquinário, se perguntando pelas condições históricas de possibilidade das continuidades e descontinuidades no tempo e no espaço. Nossa hermenêutica comunicativa interroga não as condições, mas a possibilidade da condição, um movimento inverso que, como mostraremos, é um tipo de saber de nossa contemporaneidade. A hermenêutica filosófica, apoiada em reflexões sobre a finitude do ser, elege a morte como aquilo que nos chama ao cuidado de nós mesmos. Veremos, no entanto, como a figura de uma criança que brinca, que faz o jogo da comunicação, dribla a morte e a vida para se ver apenas na relação de um mundo sempre em aberto. O terceiro capítulo, na esteira da hermenêutica comunicativa, compreenderá o mundo para além da finitude que Kant nos encerrou. O mundo ele mesmo é comunicação, a possibilidade de todas as condições. Somos jogados pelo mundo enquanto nele jogamos, mas não se tratará de uma correlação, pois este conceito ainda se vê às voltas de uma consciência imperiosa que percebe e deixa ser percebida. Para fora de qualquer filosofia da consciência, o jogo da comunicação nos mostra a relação permanente que temos com o mundo, não enquanto mentes privilegiadas, mas enquanto um dos seres que compartilha da mensagem do mundo: que precisamos sobreviver, mas sem a necessidade de um trauma originário ou um apocalipse final. Este capítulo se desvencilha de toda analítica da finitude da hermenêutica filosófica e da fenomenologia: não somos diferentes de qualquer outro ser que morrerá, o que podemos fazer é nos unirmos. O ser humano se coloca lateralmente aos outros seres. É na relação entre seres que podemos comunicar aquilo que se perdeu na transcendência histórica: a memória não da morte, do trauma, do nada, do fim do mundo, mas da multiplicidade de caminhos e a fusão das espécies. 


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2862189 - CLAUDIA GUILMAR LINHARES SANZ
Externo à Instituição - JOSE RONALDO TRINDADE
Interno - 1734642 - TIAGO QUIROGA FAUSTO NETO
Notícia cadastrada em: 14/07/2023 15:23
SIGAA | Secretaria de Tecnologia da Informação - STI - (61) 3107-0102 | Copyright © 2006-2024 - UFRN - app09.sigaa09