Elas são podcasters: motivações e trajetórias de mulheres na podosfera
podcast, mulheres podcasters, carreira, comunicação, etnografia
Esta dissertação investiga as trajetórias de mulheres que atuam como produtoras e hosts de podcasts no Brasil. O estudo busca compreender quais são as motivações que impulsionam essas mulheres a se envolverem nesse fenômeno midiático, assim como analisar as formas como elas se inseriram na podosfera, que é o universo dos podcasts. Além disso, o trabalho analisa a percepção dessas mulheres em relação à produção de podcasts, como elas percebem essa atividade e como percebem a sua própria atuação nesse contexto, bem como as possibilidades de assumirem essa prática como uma carreira e a relação que isso tem com a construção e afirmação de suas identidades nesse espaço. Foram entrevistadas oito mulheres brasileiras do Distrito Federal, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, todas produtoras e hosts de podcast. A pesquisa se desenvolve com uma perspectiva etnográfica e toma como referência o trabalho do antropólogo brasileiro Gilberto Velho para analisar as trajetórias dessas mulheres, seus projetos e campos de possibilidades. Outras referências importantes são Everett Hughes e Claude Dubar e o modelo de socialização profissional, aplicado para analisar as interfaces entre a profissionalização e a construção de uma identidade na podosfera. Da mesma forma, Howard Becker e Harold Wilensky também são centrais para as reflexões sobre profissionalização e carreira. Na trajetória das mulheres investigadas destaca-se a experiência enquanto ouvinte como propulsora para a atividade da podcaster. Além disso, percebe-se que a motivação para se tornarem podcasters, em geral, não está diretamente relacionada ao aspecto financeiro, embora após um tempo a rentabilidade possa ser um fator determinante para a continuidade das atividades. Identificamos que as podcasters se reconhecem como tal a partir do momento em que suas vozes são exteriorizadas e compartilhadas nas redes.