Com o surgimento da Empresa Brasil de Comunicação, dada pela lei 11.652, de 2008, emergiram também as bases e princípios para a formação da Rede Nacional de Comunicação Pública/Televisão (RNCP/TV), instituída pelo mesmo normativo que criou a EBC. Desde o início da operacionalização dessa cadeia pública de televisão, em 2010, TVs universitárias em sinal aberto passaram a integrar os esforços de formação desse sistema público de radiodifusão no Brasil (Lopes, 2015; Guerreiro, 2016). Este trabalho se propõe a compreender de que forma a agregação de emissoras de televisão ligadas a Instituições Federais de Ensino Superior à RNCP/TV possibilitou o exercício dos princípios da radiodifusão pública, presentes na lei da EBC, por essas emissoras nos últimos 13 anos. Com base nas visões dos gestores das emissoras afiliadas à Rede e ligadas a Instituições Federais de Ensino Superior, objetiva-se a realização deste estudo a partir de três dimensões de análise: a relação entre a EBC e as TVs Universitárias na composição da Rede, incluindo as disputas existentes em torno dos conceitos de radiodifusão pública e governamental; as dinâmicas entre as emissoras de televisão e as gestões superiores das Universidades federais na interface entre comunicação pública e institucional; por fim, o modo como essas interações se refletem na RNCP/TV. Para tanto, parte-se dos conceitos presentes nos estudos de políticas públicas (Souza, 2006; Saravia, 2006; Lotta, Pires, Oliveira, 2015; Lotta, 2019) e dos pressupostos acerca do ciclo de políticas públicas (Subirats et al, 2008) com a intenção de abordar as mudanças pelas quais o papel das TVs Universitárias na Rede Nacional de Comunicação Pública passou do início do funcionamento da RNCP/TV até 2023, quando as Universidades Federais tornaram-se polo estratégico para a expansão da cadeia de televisão.