Documentário e práxis política: Um estudo de caso sobre cinema militante no Brasil contemporâneo
Cinema Militante; documentário contemporâneo; práxis; marxismo.
O objetivo da presente pesquisa consiste em uma análise comparativa de produções audiovisuais contemporâneas, correlacionadas ao que convencionou-se chamar de cinema militante, frente à outras experiências históricas que compõem dita abordagem, a fim de analisar suas congruências e discrepâncias no que tange seu modo de atuação e os fins que propõem. No pólo contemporâneo, analisará as produções dos movimentos Coque Vive e Ocupe Estelita entre os anos de 2014 e 2016, frente ao processo de especulação imobiliária que a cidade de Recife sofria no período; no recurso histórico, serão trazidas as experiências francesas no pós maio de 1968 – berço das formulações sobre cinema militante – e as desenvolvidas na América Latina em período similar, dentro do que convencionou-se como Nuevo Cine Latinoamericano. Para tanto, serão mobilizadas principalmente concepções relativas à categoria de práxis como proposta por Karl Marx e Gyorgy Lukács, no intuito de buscar uma melhor compreensão das atuações e propostas trazidas tanto pelos realizadores brasileiros contemporâneos quanto por seus correlatos históricos no que tange às proposições conceituais sobre o objeto cinema militante, bem como seus modos de atuação. De maneira complementar, a discussão contará com a inclusão de quatro nexos de análise, que compõem os capítulos do trabalho: (i) a inclusão do corpo de análise contemporâneo frente ao escopo histórico mais amplo do que seria o cinema militante no Brasil, através de um recorte de seus principais momentos: a atuação de realizadores engajados cinemanovistas, os registros de operários durante a ditadura, com foco no ciclo de greves de 1979, e as apropriações do vídeo-ativismo e vídeo popular a partir da década de 1980; (ii) a situação concreta em que o movimento social de nosso corpo de estudo contemporâneo se propõe atuar, a chamada questão urbana; (iii) o levantamento de um referencial teórico, dentro do campo marxista, capaz de articular questões de cunho estético àquelas de teor político; (iv) a maneira com que as obras foram utilizadas e moduladas, frente ao corpo social, como estratégia de mediação para atingir os objetivos propostos.