“Verde e amarelo nas roupas, clima pacífico nas ruas”:Imaginário e estética dos “cidadãos de bem” na cobertura jornalística dos protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff
impeachment de Dilma Rousseff; Fantástico; antipetismo; imaginários sociais; estética autoritária.
Nos últimos anos, o ideário de extrema-direita retomou força no Brasil como não se via desde o fim da ditadura militar; este ideário deu-se a ver nas ruas brasileiras por meio de uma estética específica, que visava comunicar-se à grandes estratos da população. Partindo dos quatro maiores protestos em favor do impeachment de Dilma Rousseff (13/03/15, 12/04/15, 16/08/15 e 13/03/16) e de sua cobertura jornalística pelo “Fantástico”, abordo as formas com que os imaginários sociais reacionários (BAZCKO, 1985, CASTORIADIS, 1991) expressaram-se nas ruas. Minha hipótese é de que as lideranças antipetistas, e também o telejornal global, valeram-se de estratégias sensíveis (SODRÉ, 2006) para apresentar os antipetistas como um semióforo da brasilidade tradicional (CHAUÍ, 200), encobrindo assim suas intenções sectárias. A análise do corpus apontou que, ao conformar-se como um ato festivo, repleto de acenos à estética do grotesco, o antipetismo, com o importante respaldado do “Fantástico”, logrou consolidar-se como uma força política direitista de grande apelo popular, em que já se divisavam, porém, os traços autoritários que, nos anos seguintes, cristalizaram-se no que veio a ser chamado de bolsonarismo.