A Arte de Contar Histórias: percursos e percalços de um curso ministrado pelos Centros de Vivências Lúdicas - Oficinas Pedagógicas da Secretaria de Educação do Distrito Federal (1999-2019)
Educação pela Arte. A arte de contar histórias. Formação continuada. Memória. Centros de Vivências Lúdicas – Oficinas Pedagógicas da SEEDF
Esta pesquisa versa sobre o curso A Arte de Contar Histórias, ministrado aos profissionais da rede pública de ensino do Distrito Federal desde 1999, pelas professoras e professores formadores dos Centros de Vivências Lúdicas Oficinas Pedagógicas (CVLOP) da Secretaria de Educação. A formação é certificada pela Unidade-Escola de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (EAPE). O objetivo é realizar o registro da história do curso (1999-2019), analisando os impactos e sua contribuição para o desenvolvimento pessoal e profissional das professoras e professores de diferentes disciplinas, etapas (Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio) e modalidades (Educação de Jovens e Adultos, Educação Profissional e Educação Especial) de ensino. A presente investigação, de caráter qualitativo, com contornos quantitativos e performativos, possui como princípio a bricolagem metodológica, sendo composta por: Pesquisa Documental, Pesquisa Narrativa e Pesquisa Etnográfico-performativa. Quem narra a experiência são as professoras e professores-formadores dos CVLOP (muitos já aposentados) e algumas professoras e professores-cursistas egressos da referida formação. A análise documental permitiu convencionar que o curso aconteceu em 03 gerações: de 1999 a 2003 (1ª); de 2006 a 2008 (2ª) e de 2015 a 2019 (3ª). Em todo esse tempo, foram emitidos 3.909 certificados para docentes de todas as Coordenações Regionais de Ensino do DF. Se considerarmos que cada participante possuísse 25 estudantes (em uma projeção tímida), o curso já teria beneficiado, indiretamente, pelo menos, 97.975 estudantes da rede. Todas essas informações estão disponíveis, também, no documentário produzido sobre o tema. A análise documental (realizada em atas, projetos e relatórios de cursos) foi complementada por entrevistas e rodas de conversa intituladas: Rodas Memográficas: histórias inscritas nas memórias a partir do curso A Arte de Contar Histórias. Para traçar a historiografia do curso, tornou-se necessário ampliar o entendimento sobre a atuação dos CVLOP, espaços em que a experiência investigada foi erigida. Existentes desde 1986 com várias ações de formação continuada para docentes, as Oficinas Pedagógicas (como são popularmente conhecidas) surgem no contexto educacional de Brasília, cujo ideário foi elaborado por Anísio Teixeira, no qual se propõe a integração das dimensões humanas, enfatizando-se as atividades artísticas e culturais. Para narrar esta experiência, trago as vozes das personagens dessa história, bem como estabeleço diálogo com: Eva Pereira (2011, 2018), Maria de Souza Duarte (2011), Luciana Hartmann (2011, 2013, 2014ª, 2014b, 2017), Ângela Café (2015, 2020), Paulo Freire (1996, 1997, 2018), Michel Maffesoli (1998), Maturana; Verden-zoller, (2004), Walter Benjamin (2012, 2018), Lev Vigotski (1999, 2001, 2009), dentre outras e outros. A partir da análise dos dados, das entrevistas e das rodas de conversas, foi possível perceber que o curso contribuiu em vários aspectos, como: prática pedagógica, despertar do contador de histórias do professor (inclusive profissionalmente), nascer de escritores, subsídio aos professores readaptados, bem como ao desenvolvimento de projetos literários na escola e contribuição para a vida após a aposentadoria, dentre outras colaborações.