"Perfil epidemiológico de um grupo de gestantes expostas ao SARS-CoV-2"
"PANDEMIA;COVID-19;GRAVIDEZ;PERFIL EPIDEMIOLÓGICO"
"INTRODUÇÃO: Em março de 2020 foi declarada a pandemia pela doença COVID -19, causada pelo vírus SARS-CoV-2 despertando alerta de todas as ordens no mundo. Dentre as preocupações, especialistas alertaram em relação ao curso da doença em gestantes, levando em consideração ser essa população mais susceptíveis a desenvolver piores quadros frente a infecções virais. No Brasil, em abril de 2020, o Ministério da Saúde (MS) incluiu todas as gestantes, puérperas e pacientes com perda gestacional ou fetal no grupo de risco para desenvolvimento de complicações clínicas relacionadas aos casos de infecção por SARS-CoV-2. No primeiro semestre da pandemia, o Brasil apresentava número de óbitos de gestantes equivalente a três vezes os óbitos notificados no mundo todo. OBJETIVO: Descrever o perfil epidemiológico de gestantes com COVID-9 assistidas em um hospital universitário no Distrito Federal desde as características sociodemográficas, manifestações clínicas e desfechos obstétricos apresentados. MÉTODO: Foi realizado um estudo observacional descritivo, transversal com base epidemiológica e abordagem quantitativa. Foram incluídas gestantes com idade >18 anos com comprovação laboratorial de infecção por SARS-CoV-2 durante a gestação, por meio de reação em cadeia da polimerase com transcrição reversa (RT-PCR) para SARS-CoV2, de coleta de swab nasofaríngeo;s sorologia ou teste rápido sanguíneo para detecção de anticorpos IgG ou IgM para SARS-CoV2 ou tomografia de tórax associado a sintomas característicos de COVID-19. Como critérios de exclusão: gestantes suspeitas ou confirmadas com exposição a outras infecções congênitas como toxoplasmose, sífilis, rubéola, herpes, citomegalovírus, chagas e zika; (TORSCH); impossibilidade de acompanhamento sequencial até o parto; e aquelas que se negaram a participar. RESULTADO: Foram estudadas 260 mulheres, com média de idade de 31 anos, predominantemente parda, ensino médio completo, 86% apresentaram forma não grave da doença, em relação aos sintomas: anosmia com 168 (64,86%), coriza e/ ou congestão nasal com 160 (61,54%), cefaleia 158 (60,77%), ageusia 152 (58,46%), mialgia 152 (58,46%), tosse 122 (46,92%), febre 116 (44,79%) e dispneia 95 (36,54%) foram os mais comuns. Desfechos obstétricos: cesárea (n= 158, 61%), partos a termo 214 pacientes (82%). Maior percentual dos recém-nascidos foram considerados adequados para idade gestacional, 53 RNs apresentaram-se com APGAR no primeiro minuto < 7 e apenas 10 mantiveram APGAR < 7 no 5º minuto. Ocorreram 2 óbitos maternos (2%), 1 aborto, 1 óbito neonatal e 1 óbito fetal. As mulheres que estavam nos primeiros 14 dias da infecção por SARS-CoV2 também tiveram mais nascimentos de crianças com
sofrimento fetal agudo (p = 0,0492) e prematuros (idade gestacional ≤ 37 semanas) (p = 0,0049), em comparação com mulheres diagnosticadas com COVID-19 por mais de 14 dias. CONCLUSÃO: Por se tratar de uma doença nova será necessário manter os acompanhamentos afim de identificar seus efeitos a longo prazo. A descrição do perfil do grupo de gestantes pode ser importante na elaboração de abordagens cada vez mais eficientes no manejo da doença e na elaboração de estratégias de prevenção. Estudos sobre a COVID-19 e gestação podem contribuir para maior adesão da população às políticas públicas elaboradas. PALAVRAS-CHAVES: PANDEMIA; COVID-19; GESTAÇÃO; PERFIL EPIDEMIOLÓGICO."