“APLICABILIDADE DA ULTRASSONOGRAFIA AO CATETER VENOSO CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA EM RECÉM-NASCIDOS CRÍTICOS”
“Recém-nascido; Enfermagem Neonatal; Cateterismo Periférico; Cateterismo Venoso Central; Ultrassonografia de Intervenção.”
“Introdução: O cateter venoso central de inserção periférica (PICC) é amplamente utilizado em recémnascidos internados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) para garantir acesso venoso seguro e eficaz para infusão de nutrição parenteral, medicamentos e outras terapias endovenosas prolongadas. Embora seja um dispositivo seguro e de manipulação relativamente simples, não está isento de riscos e complicações, o que reforça a importância de investigações contínuas acerca de seu uso, manejo e monitoramento. Objetivo: Avaliar a aplicabilidade da ultrassonografia ao procedimento de inserção do PICC para guiar a punção venosa e confirmar o posicionamento da ponta do cateter. Método: Inicialmente, o estudo foi concebido como ensaio clínico para avaliação do objetivo descrito acima, mas, a partir da realização de estudo piloto, não foi obtido sucesso na punção ecoguiada. Então, a metodologia foi reformulada em estudo clínico observacional e comparativo, com abordagem quantitativa, no qual a ultrassonografia foi utilizada exclusivamente para a verificação da posição da ponta do PICC após a inserção por técnica convencional. Foram incluídos recém-nascidos que tiveram PICC inserido pela pesquisadora ou enfermeiro da unidade, submetidos à radiografia de tórax conforme a rotina da unidade e posteriormente avaliados com ultrassom para verificar o posicionamento do cateter. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Brasília e foi aplicado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aos Pais (TCLE). A organização dos dados foi realizada por meio de tabelas, utilizando-se o programa Excel® 2016 e a análise através do Programa R® 4.2. Para as variáveis quantitativas, utilizou-se média e desviopadrão; para as variáveis qualitativas, utilizou-se distribuição das frequências. Resutados: A amostra teve predominância de recém-nascidos do sexo masculino (59,18%), sendo a via de parto mais frequente a cesárea (55,10%) e alta proporção de prematuros (83,67%), especialmente pré-termo moderado (38,78%). A maioria dos neonatos foi classificada como adequado para a idade gestacional (71,43%). Os principais diagnósticos foram síndrome do desconforto respiratório (78,70%), sepse precoce (51,02%) e sepse tardia (24,49%). A idade média no momento da inserção do PICC foi de 17,20 dias, e o peso médio ao nascer foi 1.407,99 gramas. As principais indicações para o uso do PICC foram antibioticoterapia (73,68%), nutrição parenteral total (65,79%) e analgesia (36,84%). A veia antecubital foi a mais utilizada para punção (31,58%), seguida pela cefálica e basílica. O número médio de tentativas para punção foi 2,05, e 85,53% dos cateteres apresentaram posicionamento central adequado. No entanto, 47,37% desses dispositivos precisaram de tração para correção de posicionamento intracardíaco. O tempo médio de permanência do cateter foi 11,51 dias. As complicações mais frequentes foram infecção (17,33%), obstrução (16,00%) e rompimento do cateter (6,67%). Mais da metade (57,33%) dos PICCs foram removidos devido a complicações, enquanto 36% foram retirados após término da terapia e 6,67% em decorrência do óbito do paciente. A ultrassonografia foi capaz de localizar a ponta do cateter em 69,74% dos casos. Conclusão: Os resultados parciais indicam que o PICC é um dispositivo fundamental para o manejo de recémnascidos prematuros e de alto risco em UTIN, especialmente para antibioticoterapia e nutrição parenteral. Apesar do alto índice de posicionamento central, a necessidade frequente de reposicionamento reforça a importância de métodos mais precisos para avaliação da ponta do cateter, como ultrassonografia e eletrocardiografia intracavitária. As complicações ainda são prevalentes e levam à retirada precoce em muitos casos, evidenciando a importância da qualificação técnica da equipe de enfermagem e da adoção de protocolos baseados em evidências. A ultrassonografia se mostra ferramenta promissora para monitoramento do PICC, embora seu uso possa ser limitado pela condição clínica do neonato. A análise estatística inferencial será realizada em etapas futuras para aprofundar a compreensão das associações entre variáveis clínicas, técnicas e desfechos.”