Microplásticos nas águas do Lago Paranoá: da coleta à caracterização
Microplásticos, Lago Paranoá, Separação por óleo, Oxidação com peróxido, Microscopia ótica, MicroFTIR
Resíduos plásticos mal gerenciados podem alcançar diferentes compartimentos ambientais, podendo sofrer diferentes processos de degradação gerando assim partículas plásticas com menos de 5 mm, os microplásticos. Sistemas de água doce frequentemente atuam como depósitos temporários ou de longo prazo para microplásticos (MP) provenientes de águas residuais tratadas e não tratadas como também da má gestão de resíduos sólidos. Investigar a presença destas partículas nesses ambientes é um desafio frente a falta de padronização de métodos, principalmente no preparo de amostras. Este trabalho tem como objetivo propor um método de preparo de amostras, e sua aplicação, com o intuito de ampliar o conhecimento sobre a presença de contaminantes de interesse emergente em águas doces brasileiras. Para definir o método de preparo das amostras, foram avaliados dois procedimentos distintos de separação :por densidade: com uma solução de NaI (1,6 g/cm³) em uma unidade separadora de microplásticos e sedimentos (JAMSS) e separação física com óleo de canola. Além disso, três reações de oxidação foram testadas, utilizando Fenton, persulfato de potássio e peróxido de hidrogênio. Após os testes foi avaliado melhor desempenho da separação com óleo de canola e digestão por peróxido. A fim de avaliar o método proposto, amostras foram coletadas em cinco pontos amostrais no Lago Paranoá, DF, com o auxílio de uma embarcação e uma rede de amostragem de zooplânctons com 30 cm de diâmetro, 70 cm de comprimento e abertura de malha de 60 µm. As amostras foram levadas ao laboratório em frascos de vidro Schott, passaram por secagem em estufa de circulação e foram submetidas à separação e eliminação da matéria orgânica presente. Em seguida o material resultante foi filtrado em membranas Anodisc e os microplásticos foram inspecionados e contados com o auxílio de um microscópio óptico (K55-BA, Olen). Por fim, as membranas foram levadas ao µFTIR a fim de caracterizar as partículas encontradas. Em todas as amostras coletadas foi observada a presença de microplásticos, sendo identificadas, em sua maioria, fibras e fragmentos o que indica a influência do consumo de materiais plásticos assim como do gerenciamento inadequado.