Complexos fosfínicos de rutênio(II) com aciltioureias: exploração dos aspectos químicos, estruturais e das propriedades citotóxicas
Complexos de rutênio, aciltioureias, fosfinas, citotoxicidade, DNA, HSA
O câncer abrange uma ampla variedade de doenças caracterizadas pelo crescimento celular descontrolado, capazes de invadir tecidos vizinhos e/ou se disseminar para outras regiões do corpo, processo conhecido como metástase. Globalmente, intensificam-se os estudos para identificar compostos com potencial terapêutico, em busca de medicamentos mais eficazes para o tratamento da doença. Uma estratégia promissora é coordenar moléculas bioativas a centros metálicos, elevando sua atividade farmacológica. Nesse contento, as aciltioureias se destacam, pois, pequenas modificações em sua estrutura conferem propriedades químicas e físicas bastante distintas. Além disso, elas exibem diversas atividades biológicas, tais como antifúngica, antibacteriana, anticancerígena e antiviral, e sua versatilidade estrutural, especialmente os grupos terminais, permite ajustar essas propriedades. Neste trabalho foram sintetizados quatro complexos de rutênio(II) com fórmula geral [Ru(Th)(dppm)2]PF6, em que Th representa as seguintes aciltioureias: N,N-(dibenzoil)-N’-tiofeniltioureia (DBTTh); N,N-(dibenzoil)-N’-benzoiltioureia (DBBTh), N,N-(difenil)-N’-tiofeniltioureia (DFTTh); N,N-(difenil)-N’-benzoiltioureia (DFBTh). Os complexos foram caracterizados por condutividade molar, espectroscopia de absorção na região do infravermelho (IV) e do ultravioleta-visível (UV-Vis), ressonância magnética nuclear (RMN) (³¹P{¹H}, ¹H e ¹³C), voltametria cíclica e de pulso diferencial, espectrometria de massas e difração de raios X de monocristal. A interação com albumina sérica humana (HSA) foi avaliada por fluorescência. As constantes de Stern-Volmer (Ksv) obtidas indicaram um mecanismo de supressão dinâmica, enquanto a constante de ligação (Kb) com magnitude de 105 mol-1 apontou para uma interação moderada complexo-HSA. Valores negativos de ∆Gº demonstraram espontaneidade, e ∆Hº e ∆Sº > 0 sugeriram o envolvimento de forças hidrofóbicas como responsáveis pela interação. Por fim, o ensaio de deslocamento do laranja de tiazol com CT-DNA (Calf Thymus DNA) mostrou que os complexos não se intercalam ao DNA.