Banca de DEFESA: MARIANE VIEIRA VILIONI

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : MARIANE VIEIRA VILIONI
DATA : 31/10/2022
HORA: 09:00
LOCAL: Plataforma Teams
TÍTULO:

EXAME CITOPATOLÓGICO DE COLO DE ÚTERO NA POPULAÇÃO ELEGÍVEL PARA VACINAÇÃO CONTRA HPV-ESTUDO COMPARATIVO ENTRE NÃO VACINADAS E VACINADAS


PALAVRAS-CHAVES:

HPV, cancer, vaccine, microbiology, cytopathological examination.


PÁGINAS: 48
RESUMO:

O câncer de colo de útero é o terceiro câncer mais frequente em incidência e mortalidade em mulheres no Brasil. A história natural do câncer do colo do útero envolve inicialmente a infecção por HPV com progressão para pré-câncer e câncer invasivo. A vacinação contra HPV foi implementada no DF em 2013, com a vacina quadrivalente, que tem como alvo apenas os tipos de alto risco 16 e 18, diferentemente da nonavalente, que protege também contra os tipos de alto risco 31, 33, 45, 52 e 58. No Brasil, após a implementação da vacina, houve uma redução na incidência apenas de tipos de HPV associados a vacina quadrivalente e não há estudos mostrando o impacto da vacinação contra HPV no desenvolvimento do pré-câncer e do câncer de colo de útero. O rastreamento do câncer de colo de útero no Brasil ainda é realizado pelo exame citopatológico, dessa forma, o objetivo deste estudo é comparar a frequência dos exames citopatológicos alterados de colo de útero em pacientes vacinadas e não vacinadas contra HPV no Distrito Federal. Foram incluídos resultados de exames realizados nos anos de 2018 a 2021 de pacientes elegíveis para vacinação contra HPV no Distrito Federal desde o início das campanhas em 2013, ou seja, pacientes com nascimento a partir do ano 2000. A situação vacinal das pacientes foi obtida em lista disponibilizada pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal.. A análise dos dados foi realizada a partir do cálculo da porcentagem da diferença para menos ou para mais; pelo teste Fisher, para comparação de frequências, e pelo teste t, para comparação entre as médias de idade das pacientes, no programa Graphpad Prism para Windows. Um total de 9629 exames citopatológicos de colo de útero da população elegível para vacinação contra HPV foram analisados de 2018 a 2021. Apenas 48,17% dos exames eram de pacientes vacinadas e maioria (93,05%) delas recebeu 3 ou 2 doses da vacina. Dessa forma, 44,83% dos exames citopatológicos de colo de útero eram de pacientes que receberam pelo menos 2 doses da vacina. A frequência de exames citopatológicos de colo de útero alterados na população elegível para vacinação contra HPV foi de 6,93%. As categorias diagnósticas de exames alterados mais frequentes em ambos os grupos, vacinadas e não vacinadas, foram as de células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASC-US) e lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL), correspondendo a 53,67% e 38,41% dos exames alterados em não vacinadas e 60,50% e 30,89% em vacinadas. A frequência de exames alterados foi 7,09% e 6,76%, respectivamente, em não vacinadas e vacinadas, sendo 4,65% menor em exames de pacientes vacinadas, mas esta diferença não foi significativa. A frequência de LSIL foi 23,16% menor em vacinadas. O número de exames com LSIL foi significativamente menor em vacinadas, mas não houve diferença significativa entre vacinadas e não vacinadas quanto ao número de exames com lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL) e demais categorias diagnósticas. A frequência total de exames das categorias diagnósticas para as quais se recomenda colposcopia (ASC-H, HSIL e AGC) não foi diferente entre não vacinadas e vacinadas (0,56% x 0,56%). A idade das pacientes da população elegível para vacinação contra HPV ao realizarem o exame citopatológico de colo de útero nos anos de 2018 a 2021 variou de 9 a 22 anos, com média (± dp) de 18,21 (±0,01) anos. A média da idade das pacientes vacinadas ao realizarem o exame citopatológico de colo de útero foi significativamente maior quando comparada com a de não vacinadas (18,45± 0,02 x 17,98 ± 0,02 x, Teste t, p<0,0001), independentemente do resultado do exame (negativo ou positivo). Os tipos e a respectiva frequência dos microorganismos foram similares em vacinadas e não vacinadas e de acordo com estudos prévios realizados antes da introdução da vacinação. Lactobacillus sp foi o organismo mais frequente independentemente da condição vacinal. Com relação aos achados anormais de organismos considerados endógenos, bacilos supracitoplasmáticos e Candida sp foram os mais frequentes e não houve diferença significativa na frequência entre vacinadas e não vacinadas. Em se tratando de achados anormais na microbiologia sugestivos de ISTs, presença de Trichomonas vaginalis e de efeito citopático pelo vírus Herpes, não se observou diferença significativa entre vacinadas e não vacinadas. Quando se comparou exames alterados e negativos para malignidade dentro do mesmo grupo (vacinada ou não vacinada), em vacinadas, Lactobacillus sp foram significativamente mais frequentes em negativos enquanto cocos e outro bacilos foram mais frequentes em alterados; e, em não vacinadas, bacilos supracitoplasmáticos foram mais frequentes em exames alterados do que em negativos. Os achados anormais na microbiologia analisados em conjunto (excluindo-se o achado de Lactobacillus sp sem outros microorganismos) foram mais frequentes em exames alterados do que em negativos em vacinadas e não vacinadas, mas a diferença foi significativa em vacinadas. Quando se analisa por categoria diagnóstica, diferença significativa na frequência de achados anormais na microbiologia foi observada apenas quando se compara a categoria ASCUS com negativo para malignidade. Os achados anormais foram significativamente mais frequentes em exames com ASCUS do que em negativos de vacinadas. Pode-se concluir portanto que: i) a frequência de pacientes vacinadas e não vacinadas da população elegível para vacinação contra HPV e que realizaram exame citoaptologico de colo de útero nos últimos 4 anos é semelhante à cobertura vacinal, o que sugere que a situação vacinal não modificou a busca por atendimento; ii)o maior impacto após 9 anos do início da vacinação contra HPV no exame citopatológico para rastreamento do câncer de colo de útero está no desenvolvimento da lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL) que foi menos frequente em vacinadas, indicando uma proteção da vacina contra HPV do tipo quadrivalente no desenvolvimento deste tipo de lesão; iii)o diagnóstico de lesão intraepitelial no exame citopatológico de colo de útero de pacientes vacinadas, principalmente a da categoria diagnóstica lesão intraepitelial escamosa de alto (HSIL), ressalta a importância de se definir quais os tipos de HPV não associados à vacina quadrivalente são os responsáveis pelo desenvolvimento destas lesões e, consequentemente, qual seria o custo/benefício da implantação da vacina nonavalente no Brasil; iv) a vacinação contra HPV não alterou a frequência dos achados na microbiologia, incluindo os associadosa infecções sexualmente transmissíveis e, consequentemente, pode-se dizer que a vacinação não resultou em aumento de comportamento sexual de risco em vacinadas; v), a associação dos achados anormais na microbiologia com exame alterado, em ambos os grupos vacinadas e não vacinadas, sugere um possível efeito de outros microorganismos, além do HPV, no surgimento das lesões de pré-câncer; considerando que a diferença nos achados anormais na microbiologia entre alterados e negativos é significativa apenas na categoria ASCUS, pode-se dizer que as alterações reativas provocadas por certos microorganismos resultaram em dificuldade diagnóstica; vi) e a maior média idade das pacientes vacinadas em relação às não vacinadas, que foi observada independentemente do resultado do exame (negativo ou alterado) e dos achados mais frequentes na microbiologia, sugere uma busca por atendimento na UBS mais tardia que pode estar associada a uma sensação de proteção pela vacina


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - LIANNA MARTHA SOARES MENDES - UFPI
Externa ao Programa - 1562125 - ANDREA BARRETTO MOTOYAMA
Interna - 2499462 - FABIANA PIRANI CARNEIRO
Externa ao Programa - 3123142 - SALETE DA SILVA RIOS CHEN
Notícia cadastrada em: 20/10/2022 12:53
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