Catastrofização da Dor em Mães de Neonatos
Dor, Catastrofização, Mães, Neonatos
A catastrofização da dor é concebida como uma resposta cognitiva-afetiva negativa à dor antecipada ou real e tem sido associada com um certo número de importantes resultados relacionados a dor. De forma mais abrangente, a catastrofização da dor é caracterizada por uma tendência para aumentar o valor do estímulo ou ameaça de dor e para sentir-se impotente no contexto da dor, por uma relativa incapacidade para inibir pensamentos relacionados com a dor, em antecipação, durante ou depois de um encontro doloroso. A dor atua tanto na atenção da pessoa como na de outros, cujas respostas podem, por sua vez, influenciar aqueles que sofreram a dor. Isto pode ser particularmente importante no contexto da dor pediátrica, uma vez que crianças e adolescentes são altamente dependentes de cuidados parentais. Além disso, o acúmulo de evidências indica que os comportamentos parentais podem influenciar profundamente a experiência de dor da criança. As reações parentais nem sempre são adaptativas. Assim, é importante compreender como os pais se envolvem em comportamentos específicos como reação a dor de seus filhos, o porquê, e quais as eventuais consequências desse comportamento. Como objetivo específico avaliaremos o impacto da visualização do evento doloroso na resposta de catastrofização de mães que presenciam o evento doloroso em seus filhos e mães que não estão em contato direto no momento do evento. Avaliaremos a resposta da dor em neonatos que estão na presença da mãe durante o evento doloroso e neonatos que não estão com a mães. Trata-se de estudo clínico randomizado, observacional, prospectivo, controlado pelo mesmo indivíduo, tipo antes, durante e depois. Este estudo será conduzido na Unidade de Saúde Materno Infantil do Hospital Universitário de Brasília e foi aprovado pelo comitê de ética da universidade de Brasília. Os sujeitos do estudo serão 120 mulheres e seus respectivos 120 neonatos. As mães deverão ser primíparas em puerpério mediato (até 2-3 dias pós-parto), que conceberam neonatos a termo e saudáveis. O estudo espera encontrar resultados que reforcem a correlação entre pensamentos catastróficos e as medidas fisiológicas que mensuram a dor. Outros resultados esperados são diferenças entre os resultados do grupo I e II, indicando um possível efeito positivo da presença materna durante eventos dolorosos no neonato, tanto para a mãe, diminuindo pensamentos catastróficos, como para o neonato, diminuindo ativamente o estresse. Caso os resultados esperados sejam encontrados, uma nova conduta clínica no que concerne a presença materna durante a punção do calcanhar e outros procedimentos poderá ser proposta.