Modulação da microbiota intestinal: estratégia para elucidar a patogênese da doença de Chagas em modelo murino
Doença de Chagas; cepas de Trypanosoma cruzi; microbiota intestinal; antibióticos; resposta imunológica; carga parasitária; inflamação tecidual; análise de correlação
A doença de Chagas (DC), que afeta milhões globalmente, permanece envolta em incertezas científicas, particularmente em relação ao papel da microbiota intestinal na progressão da doença. Este estudo investiga os efeitos da depleção da microbiota induzida por antibióticos na carga parasitária, nas respostas imunológicas e nos resultados clínicos em camundongos BALB/c infectados com as cepas Colombiana ou CL Brener de Trypanosoma cruzi. Os camundongos foram tratados com um coquetel de antibióticos de amplo espectro antes da infecção, e a carga parasitária foi quantificada por qPCR aos 30 e 100 dias pós-infecção (dpi). As respostas imunológicas foram analisadas por citometria de fluxo e ELISA, enquanto a histopatologia foi realizada nos tecidos cardíaco e intestinal. O tratamento com antibióticos revelou correlações específicas de cepa, com infecções por Colombiana afetando as populações de Bifidobacterium e infecções por CL Brener associadas a Lactobacillus. A depleção da microbiota inicialmente reduziu a carga parasitária no coração e no intestino, mas houve um aumento na fase crônica, exceto no intestino infectado por CL Brener, onde um pico precoce da carga foi seguido por um declínio. Alterações bacterianas induzidas por antibióticos, como reduções em Bacteroides e Bifidobacterium, promoveram um perfil imunológico mais próinflamatório. Esses achados destacam a importância da microbiota e dos fatores específicos de cepa na DC e sugerem mais pesquisas sobre a manipulação da microbiota como uma potencial estratégia terapêutica.