Análises de eficácia e de custo-efetividade de medicamentos antidiabéticos cardioprotetores
para diabetes tipo 2 em um país de renda média
Diabetes tipo 2; Doença cardiovascular; Medicamentos antidiabéticos; Custo-
efetividade.
Introdução: O aumento constante da prevalência de diabetes tipo 2 (DM2), particularmente
em países de baixa e média renda representa um desastre econômico e social sem
precedentes. A doença cardiovascular, em particular doença coronariana, complicação
macrovascular mais prevalente nos diabéticos, constitui-se na principal fonte de custos em
saúde para esses pacientes, respondendo por aproximadamente 76% somente em
hospitalizações. Objetivos: Analisar a eficácia e a custo-efetividade dos medicamentos
antidiabéticos cardioprotetores em indivíduos com DM2 em um país de renda média.
Metodologia: Uma busca sistemática foi realizada para ensaios clínicos randomizados (ECR)
publicados até abril de 2021 relatando a incidência do desfecho composto de morte
cardiovascular, infarto do miocárdio não fatal e acidente vascular cerebral (MACE) para
pioglitazona (PIO), agonistas do receptor do peptídeo 1 do tipo glucagon (arGLP-1) ou
inibidores do cotransportador-2 de sódio-glicose (iSGLT2). Com base no conjunto de dados de
duas grandes coortes nacionais de DM2, desenvolvemos um modelo de Markov multiestado
para estimar os resultados para cada tratamento com base na razão de custo-efetividade
incremental (RCEI) e nos anos de vida ajustados à doença [DALYs] evitados por dólar gastos,
projetados ao longo de um horizonte de vida, usando uma taxa de desconto anual de 3,5%.
Resultados: Um total de 157 ECR incluindo 267.508 pacientes e 176 braços ativos foram
considerados. Comparado com sulfonilureias (SUs), iSGLT2, arGLP-1 e PIO reduziram o risco
relativo de MACE não fatal com HR de 0,81 (IC 95% 0,69 a 0,96, p=0,011), 0,79 (IC 95% 0,67 a
0,94, p= 0,0039) e 0,73 (IC 95% 0,59 a 0,91, p=0,0057), respectivamente. A PIO resultou em
eficácia incremental de 0,2339 DALYs evitados por paciente, a um custo incremental médio de
US$ 1.660 e um custo incremental de Int$ 7.082 (IC 95%: 4.521; 10.770) por DALY evitado,
quando comparado ao tratamento padrão. A adição de iSGLT2 ou arGLP-1 levou a uma eficácia
incremental mais evidente (0,261 e 0,259, respectivamente), mas os custos incrementais
dessas terapias levaram a RCEIs mais altos [Int$ 12.061 (IC 95%: 7.227; 18.121) e Int$ 29.119
(95% IC: 23.811; 35.367) por DALY evitado, respectivamente]. Em comparação com iSGLT2 e
arGLP-1, a PIO teve a maior probabilidade de ser custo-efetiva com base no limite máximo
estimado de disposição a pagar. Conclusão: As três terapias apresentam eficácia semelhante
na redução de eventos cardiovasculares. Em um país de renda média, a PIO apresenta maior
probabilidade de ser custo-efetiva seguida pelo iSGLT2 e depois pelo arGLP-1.