PREVALÊNCIA E FATORES RELACIONADOS À HIPERSEXUALIDADE EM PACIENTES COM DEMÊNCIA: UM ESTUDO NATURALÍSTICO
: Comportamento sexual ; Demência ; Sintomas comportamentais.
A hipersexualidade na demência é um sintoma psicológico e comportamental da demência (SPCD) pouco estudado, apesar de seu elevado impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes e estresse ao cuidador. Sua prevalência e fatores de risco associados têm achados inconsistentes na literatura. Objetivos: Determinar a prevalência da hipersexualidade em pacientes com demência; descrever os fatores associados; e qualitativamente descrever os tipos de apresentações mais comuns, tratamento adotado e evidência de resposta clínica à abordagem da hipersexualidade. Métodos: Estudo analítico transversal retrospectivo no qual foram coletados dados de registros médicos semiestruturados de pacientes portadores de síndrome demencial acompanhados em um centro de referência de atenção secundária entre 2015 e 2019. Resultados: De um total de 552 pacientes, 52 indivíduos (9,3%) apresentaram hipersexualidade, estando associada ao sexo masculino (p < 0,000; OR 2,95, IC95% 1,73- 5,01), Demência Frontotemporal (p < 0,007), histórico de etilismo (p<0,015; OR 2,35, IC95% 1,16-4,73) e tabagismo (p<0,000; OR 2,88, IC95% 1,61-5,13) e semidependência/independência para ABVDs (p=0,041). Conclusões: Embora os achados sejam concordantes em grande parte ao observado na literatura, a grande variabilidade destes refletem uma limitada e baixa qualidade de evidência disponível, ausência de padronização quanto a terminologia, definição e critérios diagnósticos da hipersexualidade. Mais estudos em diferentes cenários com instrumentos específicos validados para a hipersexualidade podem contribuir para a melhor caracterização desta condição desafiadora.