AS MARCAS DO INGI Processos de Territorialização, Desterritorialização e Reterritorialização: re(existência) e educação territorializada do Povo Tuxá da Aldeia Mãe.
Território; Territorialidade; Educação; Conhecimento; Interculturalidade; Saberes Ancestrais.
Esta tese faz parte de um exercício teórico e de escrevivência, que se apresenta
entrelaçada na vida da autora e nos percursos vividos por ela e seu povo, que se dão para
além de uma territorialidade contínua com o objetivo de situar diferentes formas de
engajamento com os lugares e como esses lugares produzem conhecimentos e se
relacionam com o território habitado pelos Tuxá. Propõe uma releitura do processo
histórico de territorialização, desterritorialização, e reterritorialização do povo Tuxá, face
a leituras anteriores que a tese apresenta e que contribuíram para uma interpretação
alternativa da territorialidade do povo Tuxá da Aldeia Mãe, Território D’zorobabé,
Aldeia Ñeké, no submédio rio Opará. Com o olhar sobre tempos e espaços distintos,
narrativas foram construídas sobre modos de relação com os lugares e o sagrado como
um fenômeno de longa duração. A tese busca contemplar os processos contemporâneos
de insurgência política, a partir de um movimento que nasce com a perda de vínculos e
referência ao território ancestral e aos lugares sagrados - a diáspora dos parentes e dos
encantes provocadas pelo enchimento do lago de Itaparica; o investimento das famílias
Tuxá na escolarização de seus filhos, o nascimento do Colégio Estadual Indígena Capitão
Francisco Rodelas e os resultados desses processos para os Tuxá. Busca-se, assim,
compreender como os processos de desterritorialização (1987-1988), territorialização
(1988) e reterritorialização (2017) impactaram as transformações socioculturais Tuxá ao
longo do tempo; pensar nos processos de territorialização, em uma via político-cultural,
na qual os habitantes estabelecem relações afetivas com o lugar em que e com o qual
convivem; refletir sobre como os estudos de memória ajudam a investigar as trajetórias
de deslocamentos, o que ficou na memória d/nesses trânsitos, o que esses deslocamentos
acarretam à memória dos sujeitos envolvidos e como estes se (re)inventam para compor
os lapsos e as diásporas. Agrupa narrativas acerca das territorialidades Tuxá e, a partir
destas, tece reflexões sobre as diásporas, rupturas e continuidades e o papel do Colégio
Estadual Indígena Capitão Francisco Rodelas nesse processo de (des)continuidades.
Analisa programas e políticas educacionais como uma possibilidade de
institucionalização da educação escolar indígena territorializada e o reconhecimento dos
saberes ancestrais, na perspectiva de um diálogo territorial. Reflete a profundidade da
relação com o território, expressa em conceitos sobre a construção de conhecimentos
tradicionais, sublinha dinâmicas e princípios cosmológicos que apontam para maneiras
peculiares de estruturação da experiência vivida pelos Tuxá.