O eco da liberdade: ativismos entre haitianos e brasileiros em São Paulo
migração haitiana; raça e racismo; ativismo em São Paulo.
Esta tese é uma etnografia de ativismos construídos entre haitianos, e entre haitianos e brasileiros,
na cidade de São Paulo. Baseado em pesquisa de campo realizada entre 2019 e 2022, o trabalho
analisa como sujeitos haitianos acionam conhecimentos e imaginários sobre liberdade, violência,
cativeiro e obrigação em meio aos desafios da vida em São Paulo, e como ativistas brasileiros que
com eles formam alianças conectam suas próprias percepções da vida e história haitianas às lutas
paulistanas contra a violência racial. Com foco em iniciativas políticas e comunitárias no centro da
cidade, a tese olha para como formas contemporâneas e históricas de engajamento com o poder no
Haiti são trazidas para debates sobre desigualdade e antinegritude em São Paulo. Empreitadas
etnográficas paralelas junto a uma comunidade religiosa, também no centro, e uma escola para
jovens e adultos na periferia da cidade contribuem para o estudo de como alianças entre brasileiros
e haitianos energizam e complicam os contornos da cidadania. O estudo questiona divisões
pregressas entre lutas por liberdade negra no Haiti e no Brasil e descreve como esses históricos são
invocados a falar juntos em setores do ativismo paulistano. Ao mesmo tempo, o texto dá atenção
às dissonâncias que ocorrem nessas tentativas. Oferece-se, então, uma visão de como se configuram
alianças políticas ao redor da defesa da vida haitiana e negra na cidade, em um contexto de
intensificação das mobilizações de migrantes negros em São Paulo.