PERMANECER NA FRONTEIRA: VIDAS E MOVIMENTOS DE MULHERES VENEZUELANAS QUE FAZEM A CIDADE DE
PACARAIMA.
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A pesquisa está interessada em compreender os processos de ocupações urbanas
relacionados aos migrantes venezuelanos que decidem não aderir às políticas
migratórias de interiorização, a saber, a proposta de irem viver em outros estados
brasileiros. O fluxo migratório venezuelano na fronteira de Pacaraima,
município localizado entre Brasil e Venezuela, tem sido visto como um lugar de
passagem e transitório. No entanto, a busca por estratégias para permanecer na
fronteira, entre outros motivos, se dá pelos migrantes escolherem estar mais
próximos do país de origem. Aqui o tema da cidade ganha importância, não
apenas pelo município não oferecer muitas oportunidades de emprego ou
habitacionais, mas por ele mesmo não ter uma fronteira definida do seu
perímetro urbano. Fronteiras e limites parecem marcar a história deste
município. Por sua vez, essas famílias também desenvolvem estratégias para
permanecer em Pacaraima e continuar circulando entre os dois países. Neste
cenário, as ocupações urbanas são parte da solução encontrada por eles, na sua
maioria lideradas por mulheres venezuelanas. A entrada na pesquisa tem uma
trajetória que inicia em 2019, a partir de um projeto situado em Pacaraima
chamado A Casa da Música. É através deste espaço que construo as relações que
irão possibilitar esta pesquisa. O projeto acolhia crianças migrantes e refugiadas
venezuelanas em Pacaraima e dava aulas de canto coral e alimentação, foi
fundado em 2016 pela maestrina Miriam Blos. Muitas das crianças que vivem
nas ocupações fizeram parte deste projeto.