Por que o Santuário Pajé Santxiê Tapuya Não se Move? Rotas de fuga: indígenas e candangos no Altiplano de Brasília (1957 – 2024).
Indígenas candangos; Brasília; Santuário dos Pajés; Estado; Terra; Tradicionalmente ocupada.
Com a convocatória nacional feita pelo presidente Juscelino Kubitschek dos trabalhadores do interior do país para a construção da nova capital, Brasília, em 1957, se somaram também indígenas candangos Tapuya de Pernambuco que passaram a ocupar uma área de cerrado em parte da antiga Fazenda Bananal para a manifestação de seus cultos, rezas, espiritualidades tradicionais longe da visibilidade dos canteiros de obra - sítio a partir do qual se configurou a comunidade indígena do Santuário dos Pajés, liderada pelo Pajé Santxiê Tapuya. Desde esse marco histórico inicial, a comunidade indígena Santuário Pajé Santxiê se estabeleceu no atual território no Setor Noroeste, do Plano Piloto de Brasília, conhecido como Santuário dos Pajés, desencadeando um processo de territorialização a partir de suas formas tradicionais de uso e ocupação ancorados em saberes tradicionais, cosmológicos e espirituais. No início desse século com as pressões e ameaças de retirada da comunidade indígena de seu território para implantação do projeto de expansão urbana, Setor Noroeste, a comunidade lançou-se num processo de reivindicação e de luta através do movimento indígena do Santuário Sagrado dos Pajés (O Santuário dos Pajés Não Se Move!). Hoje o território indígena foi reconhecido como terra tradicionalmente ocupada conforme o Artigo 231 da Constituição Federal e encontra-se em fase de demarcação pela Justiça Federal desde o mês de setembro de 2019, depois de um largo e dramático processo de judicialização e conflitos interétnicos no âmbito do Estado.