"Todo Mundo Acaba Parente": Modos de conviver criar e resistir aprendidos com os Terena
Terena; Terra; Parentesco; Luta;
Esta tese parte de uma trajetória de pesquisa de quinze anos entre o povo Terena das
aldeias da Terra Indígena Cachoeirinha (Miranda-MS) e a aldeia urbana Marçal de
Souza (Campo Grande-MS). Propõe, através da recuperação dos dados de campo
colhidos pela pesquisadora desde a pesquisa de iniciação científica e mestrado, e da
retomada crítica da bibliografia específica sobre os Terena, olhar para conexões entre
corpo, relações e terra. Partindo dos troncos terena, a tese percorre a bioetnografia
de Seu Calixto Francelino, um dos principais interlocutores da pesquisa, falecido em
2017. As reflexões que se desdobram desta história retomam e atualizam a
possibilidade de se pensar os troncos como um modo de vida/relação terena com a
terra e com os parentes que escapa da interpretação ocidental. A segunda parte da
tese trata da terra e do entendimento sobre a noção de terra terena a partir de
algumas observações sobre como têm sido a luta por ela, propondo uma
interpretação também a partir dos xuve. Na terceira e última parte, a tese busca
imaginar mundos possíveis a partir da estética das relações terena e da terra como
relação. Em geral, o trabalho aponta para a ideia de que não é possível separar os
ataques à terra de afrontas a um modo de vida que preza pela boa convivência entre
os seres, partindo do aprendizado terena de que há uma forma correta de agir no
mundo para fazer a vida, e suas paisagens, aparecerem com sua alegria e beleza.