ENTRE O DOMÉSTICO E O INDUSTRIAL: relações informais de trabalho e gênero na produção têxtil em Goiânia no ano de 2024
Facções de costura. Trabalho informal. Precarização. Tecnologia. Gênero.
Esta dissertação investiga as condições de trabalho das costureiras que atuam em
facções informais na região de Goiânia, com ênfase nas dinâmicas sociais, culturais
e tecnológicas que permeiam esse setor. O estudo explora como a introdução de
tecnologias, como as máquinas de costura especializadas, fragmenta o trabalho e
redefine as identidades profissionais dessas trabalhadoras, que passam de artesãs a
operadoras de máquinas. O ambiente de produção, muitas vezes localizado dentro do
espaço doméstico, revela uma sobreposição entre as atividades produtivas e as
responsabilidades familiares, resultando em uma sobrecarga de trabalho e
aprofundando a precarização.
A dissertação também examina as implicações da informalidade e da ausência
de direitos trabalhistas nas facções, destacando as desigualdades de gênero que
atravessam o setor, onde as mulheres assumem funções mais precarizadas. A partir
das teorias de Donna Haraway sobre o ciborgue, o trabalho discute a relação entre
humano e máquina, além de investigar as formas de resistência e agência das
costureiras em um contexto de exploração. A pesquisa utiliza uma abordagem
qualitativa baseada em observação de campo e entrevistas com trabalhadoras de
facções, revelando as estratégias de adaptação e sobrevivência dessas mulheres
diante das adversidades impostas pela lógica capitalista contemporânea.