Terra tenaz: luta e cerco no rio Tapajós
Tapajós, Munduruku, garimpo, terras indígenas
Esta tese é uma resposta à experiência de guerra que vivemos sob um governo que fez do
extrativismo predatório a sua agenda para a terra. Trataremos do cerco que se deu na região
do rio Tapajós, sudoeste paraense, com enfoque nas investidas contra o povo Munduruku e
seus territórios. Caracterizada por um denso histórico de exploração intensiva da floresta, do
solo e do subsolo, mas também pela ocupação indígena de longa duração, essa região esteve
no centro das disputas pela abertura das terras indígenas à mineração e ao garimpo entre 2019
e 2022. A maneira como essas disputas se deram e seus desdobramentos nos territórios dos
Munduruku são analisados aqui, em uma proposta de expandir o que comumente se enquadra
sob “impactos do garimpo”. Articularemos descrições dos modos indígenas de constituição de
coletivo em composição com a terra para trazer à tona o que, na perspectiva da luta
munduruku, deve ser considerado ao falar de invasões, e observaremos como a tenacidade da
luta não permite que o cerco a defina.