Fazendo ciência, fazendo a Síndrome Congênita do Vírus Zika: Práticas, relações e infraestruturas científicas na resposta à epidemia de Zika em Recife/PE.
Síndrome Congênita do Vírus Zika; Infraestruturas; Antropologia da Ciência
Esta Tese investiga as infraestruturas científicas que contribuíram para a produção
da Síndrome Congênita do Vírus Zika (SCVZ) como nova entidade nosológica, no contexto da
epidemia de Zika em Recife, Pernambuco. A partir de uma abordagem etnográfica inspirada
nos Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia (STS), exploro como práticas, redes, lógicas e
articulações materiais — aqui entendidas como infraestruturas — viabilizaram a produção
de conhecimento científico sobre o Zika. O acompanhamento da ciência visível e invisível —
das rotinas de pesquisa aos dilemas éticos enfrentados no campo — permite analisar como
diferentes infraestruturas, sejam epidemiológicas, colaborativas ou de cuidado, não apenas
tornaram a ciência possível, mas também condicionaram seus caminhos durante e após a
emergência sanitária. Com base em 93 entrevistas com 78 cientistas de Recife, a Tese se
estrutura em cinco capítulos, cada um abordando uma dimensão específica dessa rede
infraestrutural: (1) a emergência da SCVZ como fato científico; (2) os repertórios
metodológicos mobilizados por três grupos de pesquisa; (3) as colaborações científicas locais
e internacionais; (4) o papel das crianças com SCVZ e das assistentes de campo como
agentes epistêmicos; e (5) os resultados científicos e seus efeitos sociais e políticos. Ao
revisitar a resposta científica à epidemia de Zika, argumento que as infraestruturas não são
meros suportes técnicos, mas arenas de negociação, cuidado e poder — fundamentais para
definir o que se torna conhecimento e quem é legitimado nesse processo.