Seguindo práticas de colecionamento e de exposição de acervos Iny (Karajá): rastros de uma exposição “antiga” do Museu Nacional (RJ)
Coleções etnográficas; acervos indígenas; museus e antropologia; Museu
Nacional; Iny (Karajá).
Esta dissertação investiga as práticas de colecionamento e de
exposição dos acervos Iny do “antigo” Museu Nacional (UFRJ), partindo especificamente de
uma experiência expositiva anterior ao incêndio de 2018, intitulada “Os Karajás: Plumária e
Etnografia”, que esteve em exibição de 2012 até ser interrompida de forma abrupta pelo
trágico evento. A pesquisa busca compreender como essas práticas se desenvolveram ao
longo de diferentes momentos de produção de coleções e exposições etnográficas e como elas
se relacionam com as discussões contemporâneas sobre práticas “do passado” que devem ser
abandonadas e práticas “do futuro” que são desejadas. As escolhas metodológicas, impactadas
pela pandemia da Covid-19 que transformou radicalmente as possibilidades de investigação
etnográfica, especialmente entre 2020 e 2022, consistem em seguir os rastros deixados pela
mencionada exposição por meio de uma abordagem etnográfica que se baseia em arquivos e
recursos digitais, envolvendo atores, humanos e não-humanos, que desempenharam papéis
relevantes em diversas etapas, desde a formação das coleções até a produção da exposição.
Além disso, pretende-se resgatar a memória e mapear os eventos significativos associados à
produção da exposição, rastreando a trajetória de objetos que migraram das aldeias para o
museu e, posteriormente, da reserva técnica para o espaço expositivo. Também se almeja
apresentar perspectivas institucionais, antropológicas e Iny (Karajá) relacionadas às coleções
e à exposição, contextualizando essa experiência em termos de políticas institucionais,
produção antropológica e protagonismo indígena. Por meio da narrativa etnográfica, são
destacadas as complexidades do acervo, as possibilidades curatoriais da época e as
controvérsias que permearam essa experiência. O estudo contribui para o entendimento das
práticas de colecionamento e exposição de acervos indígenas em museus de ciência,
promovendo uma reflexão crítica sobre o passado e o futuro dessas práticas.