Estudo do efeito da dermaseptina-01 sobre monócitos estimulados por hemácias infectadas por P. falciparum
Plasmodium falciparum, dermaseptina, monócitos, estresse oxidativo e citocinas inflamatórias.
Introdução: A malária, causada por protozoários do gênero Plasmodium, continua sendo uma das doenças infecciosas mais importantes no mundo. Entre as espécies, a P. falciparum se destaca pela maior gravidade clínica e capacidade de promover complicações severas. Diante da crescente resistência aos antimaláricos, é crucial explorar novos compostos terapêuticos igualmente eficazes. As dermaseptinas são peptídeos antimicrobianos capazes de formar α-hélices quando associadas a bicamadas lipídicas, sendo capazes de permear e romper a membrana celular, possuindo atividade tripanocida e leishmanicida descrita. Diante disso, buscou-se avaliar os efeitos da dermaseptina 01 sobre monócitos estimulados com hemácias infectadas pelo P. falciparum. Metodologia: Para tal, os monócitos da linhagem THP1 foram estimulados in vitro com hemácias infectadas com a cepa selvagem 3D7, sendo 5% delas parasitadas, e com hemácias normais não parasitadas. A viabilidade foi avaliada através dos métodos de MTT e DHL. A atividade hemolítica foi medida pela dosagem de hemoglobina e a capacidade antioxidativa foi averiguada pela produção de ERO e ERN. Também foi estudada a resposta anti inflamatória por meio da avaliação das moléculas da via do NF-kB, bem como analisadas as citocinas envolvidas no perfil inflamatório por meio de citometria de fluxo. Resultados: Ensaios de viabilidade celular mostraram que a dermaseptina 01 reduziu significativamente a viabilidade celular, mas sem induzir lise celular. Em monócitos expostos às hemácias parasitadas ou normais, o peptídeo apresentou efeito protetor parcial, aumentando a viabilidade em relação aos controles sem tratamento. Além disso, a dermaseptina 01 aumentou a produção de espécies reativas de nitrogênio e diminuiu as de oxigênio, indicando uma possível interferência no estresse oxidativo associado à resposta inflamatória. A análise dos fatores RelA/RelB revelou que nenhuma molécula do NF-κB foi significativamente ativada. Ainda, houve um aumento na produção de IL-8 no grupo de monócitos incubados somente com o peptídeo; porém, diminuição das citocinas IL-6 e IL-12. Considerações finais: Os resultados sugerem que a dermaseptina 01 pode atuar como moduladora da resposta imune em monócitos expostos a P. falciparum, principalmente no que diz respeito à atividade antioxidante e anti-inflamatória; porém, apresenta certo grau de toxicidade. Esses achados indicam que a DRS-01 possui características que a torna uma molécula com potencial de aplicação em uma futura terapia antimalárica, desde que seja modificada para não exibir efeito citotóxico.