Uso da metagenômica viral na avaliação de pacientes transplantados renais
DRC, transplante renal, metagenômica, EBV, CMV, HPgV.
A doença renal crônica (DRC) caracteriza-se como uma condição clínica progressiva e irreversível que compromete definitivamente a função e a estrutura renal, incapacitando os rins de realizarem adequadamente a filtração sanguínea. Esta condição frequentemente desencadeia comorbidades com elevado potencial letal, principalmente de origem cardiovascular. Para pacientes que evoluem para estágio terminal com falência renal, o transplante representa a única alternativa terapêutica definitiva. Os receptores de transplante renal iniciam a terapia imunossupressora antes do procedimento cirúrgico. Após o implante do enxerto, preconiza-se a terapia de indução com agentes biológicos, especialmente durante os primeiros meses pós-transplante, visando prevenir episódios de rejeição aguda. Um desafio significativo no acompanhamento clínico destes pacientes é o surgimento de infecções oportunistas e reativações virais, consequência direta do estado de imunossupressão terapêutica. Considerando a quantidade de estudos voltados para o estudo do viroma sanguíneo de pacientes transplantados renais no Brasil, este estudo propôs investigar o perfil viral circulante nesta população específica. Foram avaliados, por metagenômica, o viroma no plasma de 95 receptores de transplante renal (54 homens e 41 mulheres) atendidos no Hospital Universitário de Brasília (Distrito Federal, Brasil). Após validação com qPCR, os resultados demonstraram prevalências relativas de 18,8% para Citomegalovírus (CMV), 20% para HPgV, a frequência média estimada foi de 3,15, para vírus Epstein-Barr (EBV) e 3,8% para BKV. Para os HPgV, a análise filogenética realizada demonstrou a presença dos genótipos 1, 2 e 3. O genótipo predominante foi o 2 (78,9%), que se apresentou com dois subgenótipos distintos: 2A (5,3%), e 2B (73,6%). Interessantemente, genótipos do HPgV-1 relatados com menor frequência no Brasil também foram identificados, para o genótipo 1 (10,5%) e para o genótipo 3 (10,5%).