O design para a promoção da autonomia das mulheres: um estudo sobre os bordados a partir da crítica feminista
Design feminista, bordados, autonomia, mulheres
Os bordados são uma manifestação da cultura material, fortemente marcados pela ancestralidade, oralidade, feminilidade, domesticidade e precariedade. Esta é uma pesquisa de natureza aplicada, com objetivos descritivo e explicativo, de abordagem qualitativa, com o uso de procedimentos metodológicos de pesquisa bibliográfica e de entrevistas semiestruturadas a bordadeiras. Objetivou-se analisar o impacto de bordados realizados por três associações de bordadeiras para promover a autonomia de mulheres nas esferas artístico-cultural e político-feminista, tendo como referencial crítico as teorias do design, com viés feminista. Realizou-se revisão bibliográfica, bem como pesquisa qualitativa, mediante entrevista com questionários semiestruturados, aplicados a 19 integrantes de três associações de bordadeiras. Identificou-se que os bordados são reconhecidos pelas bordadeiras como uma forma de manifestação artística, que gera um especial orgulho criativo e o reconhecimento social. Para mulheres de baixa renda, os bordados trazem significativa contribuição econômica, apesar da baixa remuneração feminina. A valorização artística, social e econômica subverte o tradicional papel feminino, promovendo a capacidade de agência de mulheres. As rodas de bordados fomentam a criação de redes de apoio feminino, tornando-se uma sociotecnologia de cuidado entre mulheres, com potencial de conscientização feminista. Reconheceu-se manifestações de “bordativismo”, um ativismo político feminino através dos bordados. Foram verificadas estratégias de design de inclusão social, design participativo e design emocional. Sustenta-se a relevância de se pensar o design como um processo político, que pode ser direcionado para a promoção da autonomia de grupos historicamente excluídos.