A identidade no Vale do Amanhecer: uma análise por meio do design e da semiótica da cultura
Vale do Amanhecer, Identidade, Semiótica da Cultura, Articulação Periférica.
O Vale do Amanhecer é um bairro de Planaltina-DF contemporâneo a Brasília, que, assim como a capital, acredita-se que tenha nascido de um sonho profético, angariando diversos colaboradores à sua concepção e se tornado uma realidade palpável no final da década de 1960. Sua origem, considerada mística, fez com que sua construção incorporasse uma gama plural de textos culturais de origens diversas, incluindo manifestações religiosas de vários segmentos, tornando as suas espacialidades insólitas e dando ao bairro uma aura que mescla o exotérico e o sagrado, conforme foi entendido pelo IPHAN no final dos anos 2010. O bairro está em constante evolução, tendo expandido sua mancha urbana e evoluído suas funções citadinas, deixando de ser apenas uma comunidade religiosa e passando a ser um bairro populoso e cheio de complexidades, o que afeta seus moradores, que em meio a preconceitos religiosos e de outras naturezas, criaram maneiras únicas de propor novas espacialidades e modos complexos de vivenciar o cotidiano. O trabalho parte, portanto, da ideia de distanciamento identitário desencadeado pela própria fronteirização dessa semiosfera, a partir do que compreende a semiótica da cultura, concebendo fenômenos como: a marginalização; a alteridade; o pertencimento; e as relações espaciais de afeto. Este trabalho fundamenta-se principalmente nos textos do semioticista Iuri Lotman e seus comentadores, que trazem conceitos essenciais para a compreensão dos fenômenos registrados no Vale do Amanhecer. Os dados angariados provêm das percepções semióticas dos usuários dessa espacialidade, surgidos após dinâmicas de produção de cartografia e, que foram diagramados e transformados no que o trabalho trata como Mapa de Afeto. A pesquisa também procura, na abordagem decolonial, mecanismos contra-hegemônicos para a compreensão dos paradigmas epistemológicos na contemporaneidade que podem desempenhar papel garantidor da existência e afirmação de identidades marginalizadas.