Caracterização físico-química e avaliação da atividade antimicrobiana de extratos de própolis verdes de Apis mellifera e extratos de própolis de abelhas sem ferrão
Própolis; Antioxidantes; Compostos Fenólicos; Testes de Sensibilidade Microbiana; Bactérias Gram-Negativas; Bactérias Gram-Positivas.
Os compostos bioativos presentes nos extratos de própolis conferem propriedades antimicrobianas e antioxidantes a esses produtos. Sendo assim, o objetivo desse estudo foi realizar a caracterização físico-química e avaliar a atividade antimicrobiana de extratos de própolis verdes de Apis mellifera e de abelhas sem ferrão, incluindo mandaçaia (Melipona quadrifasciata), jataí (Tetragonisca angustula), borá (Tetragona clavipes) e tubuna (Scaptotrigona bipunctata), produzidos nas regiões Centro-Oeste e Sul do Brasil. Para isso, foram obtidas 11 amostras, sendo 9 extratos de própolis comerciais (verde TB, A, PC e PW, mandaçaia MM e MPC, jataí JPC, borá e tubuna) e 2 amostras de própolis in natura (mandaçaia M e jataí J) que tiveram seus extratos preparados no laboratório. As análises físico-químicas foram determinadas pelo teor de extrato seco, compostos fenólicos e atividade antioxidante. A atividade antibacteriana foi determinada por ensaio de disco-difusão, determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Bactericida Mínima (CBM). Observou-se que 7 amostras (63,63%) apresentaram teor de extrato seco acima de 11% e 4 amostras comerciais (36,36%) apresentaram quantidades inferiores a 11%, estando em desacordo com a legislação brasileira. Todos os extratos de própolis verdes apresentaram valores de compostos fenólicos acima de 0,50%, estando de acordo com a legislação brasileira. Em relação as amostras das abelhas sem ferrão houve bastante variação nos valores de compostos fenólicos (0-2,66%). No Brasil ainda não há uma regulamentação oficial sobre os valores mínimos de compostos fenólicos e atividade antioxidante para os extratos de própolis das abelhas sem ferrão. Os extratos de própolis com os maiores valores de compostos fenólicos apresentaram os maiores valores de atividade antioxidante (verde TB e borá), mostrando uma correlação positiva entre a quantidade de compostos fenólicos e a atividade antioxidante. No ensaio de disco-difusão, as amostras não apresentaram halos de inibição contra as bactérias Gram-negativas. Para as bactérias Gram-positivas, 3 amostras (27,27%) que foram jataí (J e JPC) e tubuna não apresentaram halos de inibição e as outras 8 amostras (72,73%) apresentaram halos de inibição entre 19,0 e 49,0 mm. Para as bactérias Gram-positivas, a CIM das amostras ficou entre 0,001 e 0,20 mg/mL, e a CBM entre 0,02 e 0,50 mg/mL e as maiores atividades antimicrobianas foram obtidas para os extratos de própolis verdes (TB, PW, A) e borá. A amostra mandaçaia (M) também se destacou tendo uma eficiente atividade antimicrobiana. Para as bactérias Gram-negativas, a CIM dos extratos de própolis ficou entre 0,03 e 0,20 mg/mL e a CBM entre 0,15 e 0,50 mg/mL. Nesse estudo, ficou evidente que níveis muito baixos de compostos fenólicos e atividade antioxidante prejudicaram a atividade antimicrobiana dos extratos de própolis tubuna e jataí. Outro resultado notório foi que os extratos de própolis das abelhas nativas mandaçaia (M) e borá tiveram atividade antimicrobiana comparável aos extratos de própolis verdes (TB, PW e A) e estas foram as amostras com as melhores atividades antibacterianas do estudo.