“PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AO RISCO DE DISFAGIA EM IDOSAS DA COMUNIDADE.”
Idosos. Transtornos da Deglutição. Sarcopenia. Desnutrição.
a disfagia é uma condição frequentemente encontrada em idosos e
tem sido relacionada com outros agravos à saúde, como sarcopenia, desnutrição,
incontinência e dificuldades para desempenhar as atividades diárias. OBJETIVO:
avaliar os fatores relacionados ao risco de disfagia em idosas da comunidade atendidas
em uma Unidade Secundária de Saúde do Distrito Federal (DF). MÉTODO: realizou-se
um estudo transversal com abordagem quantitativa, com 258 idosas, no Ambulatório de
Geriatria e Gerontologia Policlínica de Taguatinga (GSAS 3), na região Sudoeste da
Secretaria de Saúde do DF, no período de setembro de 2021 a fevereiro de 2022. As
idosas realizaram testes físicos (TUG, preensão palmar e velocidade de marcha),
avaliação de composição corporal (BIA), entrevistas e pesquisa em prontuários da
Instituição (exames e informações clínicas). Os instrumentos utilizados foram: EAT-10
(risco de disfagia), MAN (avaliação nutricional), Índice de Barthel (atividades de vida
diária), SARC-F (risco de sarcopenia) e MEEM (avaliação cognitiva). A sarcopenia foi
avaliada de acordo com os critérios do Consenso Europeu. Realizou-se no SPSS 25.0 a
análise estatística descritiva, correlações de Spearman e regressão de Poisson, para
identificar as variáveis associadas ao risco de disfagia. RESULTADOS: a idade
mediana das idosas foi de 74,0 anos, 59,7% eram sedentárias, 81,0% de edentulismo,
50,4% tinham incontinência urinária e 42,2% consumiam 7 ou mais medicamentos ao
dia. A prevalência de desnutrição/risco de desnutrição foi de 24,4%. A prevalência de
risco de disfagia foi de 41,1% e verificou-se maior prevalência de incontinência
(p=0,001) e um pior desempenho do TUG (p=0,002) nas idosas com risco de disfagia.
Idosas com risco de disfagia apresentaram pontuação inferior no Índice de Barthel
(p<0,001). A prevalência de provável sarcopenia foi de 26,0%, significativamente maior
nas idosas com risco de disfagia (p=0,006), com baixa escolaridade (p=0,028),
sedentárias (p=0,004), com edentulismo (p=0,038) e com incontinência (p=0,009).
Verificou-se correlação negativa do SARC-F com MAN (p<0,001) e com Índice de
Barthel (p<0,001). A sarcopenia foi confirmada em 20,2% das idosas,
significativamente associada à maior idade (p<0,001), baixa escolaridade (p=0,002),
sedentarismo (p=0,028) e edentulismo (p=0,036). Os Índices de Barthel foram menores
nas idosas com sarcopenia (p=0,037). Após a análise de regressão de Poisson, a variável
TUG ≥ 12,47 segundos permaneceu associada ao risco de disfagia (RP ajustada = 1,37;
IC95%: 1,07-1,88). CONCLUSÃO: os resultados deste estudo apontam para uma
relação entre risco de disfagia, sarcopenia e dependência nas atividades de vida diária,
evidenciando a importância do diagnóstico precoce e avaliação geriátrica adequada nos
níveis primários e secundários de atenção à saúde do idoso. Constatou-se que
características e agravos à saúde semelhantes são encontrados em idosas sarcopênicas e
com risco de disfagia. Demonstrou-se que instrumentos de baixo custo e fácil aplicação
podem ser utilizados.