STRAIN LONGITUDINAL E TRABALHO MIOCÁRDIO EM VOLUNTÁRIOS SINTOMÁTICOS RECUPERADOS DA COVID-19 E POSSÍVEIS ASSOCIAÇÕES COM A GRAVIDADE DA DOENÇA - ESTUDO TRANSVERSAL
Síndrome Pós-COVID-19 Aguda; Ecocardiografia; Deformação Longitudinal Global; trabalho miocárdio; Teste de Esforço.
A COVID-19 pode ter consequências residuais em múltiplos órgãos, incluindo o sistema cardiovascular e redução da capacidade ao exercício. Disfunções a longo prazo da função cardiovascular e trabalho miocárdio, e possíveis associações com a gravidade na fase aguda da doença e características demográficas foi pouco descrita. Objetivo: Avaliar a função do ventrículo esquerdo e o trabalho miocárdio de pacientes sintomáticos recuperados da COVID-19 e possíveis associações com a gravidade na fase aguda e características demográficas. Métodos: Estudo transversal ambispectivo incluindo indivíduos sintomáticos recuperados da COVID-19 com gravidade moderada a crítica admitidos em um programa de reabilitaçãode uma universidade pública no Centro-Oeste brasileiro. Os sujeitos foram avaliados quando a função cardiovascular pelo strain longitudinal global do ventrículo esquerdo (SLGVE) e trabalho miocárdico (TM), por meio da ecocardiografia. A capacidade ao exercício foi avaliada pelo teste cardiopulmonar (TCPE) no período entre junho de 2021 a agosto de 2022. As diferenças entre os subgrupos de gravidade da doença foram analisadas peloteste de Mann-Whitney e correlações pela correlação de Spearman. Regressões multilineares foram realizadas para avaliar as influências da gravidade da COVID-19, ecaracterísticas demográficas (índice de massa corporal, idade e sexo) com os índices do TM. Resultados: Sessenta e seis pacientes foram triados para o estudo e cinquenta e seis indivíduos foram incluídos (subgrupo crítico: 17; subgrupo moderado/grave: 39), 59% dosexo feminino; idade mediana: 56 (IIQ: 43-63), anos. O TCPE revelou uma redução substancial da capacidade ao exercício (VO2pico :53 (47-59) % dos valores previstos. SLGVEnão foi estatisticamente diferente entre os subgrupos (p=0.76), enquanto o trabalho desperdiçado global (TDG) foi maior no subgrupo crítico [146 (104-212) versus 121 (74-163) mmHg%, p = 0,01] e a eficiência miocárdica (EM) foi menor neste subgrupo [93 (91- 95) versus 94 (93-96) %, p = 0,03]. A gravidade da doença foi o único preditor independente de TDG e EM (TDG: r2 = 0,167; p = 0,009; EM: r2 = 0,172; p = 0,005) em regressões multilineares. Conclusões: Indivíduos com COVID longa, avaliados até 14.6 meses da fase aguda, apresentavam disfunção subclínica do VE, demonstrada apenas por aumento de trabalho desperdiçado global e diminuição da eficiência miocárdica, ambos associados com a gravidade da COVID-19.