A incorporação da perspectiva de sexo e gênero na pesquisa em saúde financiada pelo Ministério da Saúde, Brasil, 2004-2016
Sexo, Gênero, Pesquisa em saúde; Qualidade de dados; Desenho de pesquisa; Brasil
Integrar sexo e gênero na pesquisa em saúde é fundamental para contribuir para uma ciência ética e mais responsável para resolver lacunas significativas de conhecimento, resultando em evidências de maior qualidade para todos. Este estudo descreve e analisa a política de financiamento do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (Decit/MS) e os parceiros institucionais para apoiar pesquisas que incorporam as categorias sexo e gênero, entre 2004 e 2016. Assim também, avalia a qualidade da integração de sexo e gênero em 350 artigos científicos produzidos pelas pesquisas em saúde envolvendo participantes humanos. Trata-se de estudo avaliativo, com abordagem quanti-qualitativa, de análise documental. Utilizou como fonte de dados o repositório público Pesquisa Saúde do Decit/MS para identificar as pesquisas que incorporam sexo e gênero. A análise da qualidade da integração de sexo e gênero nos artigos científicos foi baseada no conjunto de métricas e escalas de classificação da Essential Metrics for Assessing Sex and Gender Integration in Health Research Proposals Involving Human Participants. Foram investidos R$ 85,5 milhões em 144 pesquisas que analisaram diferencas de sexo e gênero, no período estudado. A principal modalidade de fomento foram as chamadas nacionais. Foi verificada desigualdade na distribuição de recursos por regiões e instituições de ensino e pesquisa mais beneficiadas, concentrando-se na região Sudeste enquanto menores recursos e pesquisas financiadas foram destinados nas regiões Norte e Centro Oeste. O financiamento variou de forma ampla nas modalidades de fomento ao longo dos anos. A análise da integração de sexo e gênero na produção científica revela que os artigos de pesquisa clínica são os que mais relataram diferenças sexuais, enquanto os artigos de pesquisa sobre população e saúde pública são os que relatam mais as diferenças de gênero. A avaliação da qualidade da integração de sexo e gênero nos artigos aponta baixa qualificação nos itens de revisão de literatura e objetivos da pesquisa (seção 1) e recrutamento e retenção de participantes (seção 2). Entretanto, os itens da seção 3, ferramentas da coleta de dados, análise de dados e tradução de conhecimentos foram avaliados como bons e excelentes. Reconhece a necessidade de ampliar os recursos de pesquisas em saúde em todas as modalidades de fomento de forma mais direcionada para minimizar as diversas disparidades, bem como, a importância de melhorar a qualidade da integração de sexo e gênero nas etapas do processo de pesquisa pelo incentivo nas chamadas/editais como treinamento para pesquisadores/as e revisores/as