Avaliação da influência da educação em neurociência da dor na evolução clínica pós-operatória
Dor pós-operatória; Enfermagem perioperatória; Educação em saúde; Percepção da dor.
Introdução: A educação em neurociência da dor é uma estratégia que visa aprimorar o conhecimento do processo biológico da dor e tem sido uma ferramenta utilizada no contexto perioperatório. O objetivo do presente estudo foi avaliar a influência da educação em neurociência da dor na evolução clínica de desfechos em indivíduos submetidos à cirurgia geral e sem histórico de dor crônica, no período pósoperatório. Métodos: Desenvolveu-se um protocolo e posteriormente, um ensaio clínico controlado, aleatorizado e paralelo. Foram seguidas as recomendações do checklists SPIRIT e TIDieR; CONSORT e suas extensões (recomendações para estudos com tratamentos não farmacológicos e adaptação para estudos em dor). A pesquisa foi aprovada pelo Comite de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ceilândia, Universidade de Brasília (CAAE 28572420.3.0000.8093) e possui Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (RBR-23mr7yy). Foram incluídos pacientes submetidos a cirurgia geral eletiva, de ambos os sexos, com idade entre 18 e 65 anos. Para a análise dos dados utilizou-se os programas IBM SPSS Statistics 22.0 e R versão 3.6.1. Resultados: O protocolo foi executado no ensaio clínico de acordo com a previsão, sem necessidade de mudanças no decorrer do estudo. Obteve-se uma amostra de 71 pacientes, sendo 33 pertencentes ao grupo controle e 38 sendo parte do grupo intervenção. Observou-se a predominância de dor pós-operatória leve, com características sensoriais e afetivas e não houve diferença entre os grupos (p≥0,05). Em concordância com este dado, identificou-se prescrições de medicamentos com ação analgésica e anti-inflamatória, relato dos pacientes de ter recebido este tipo de fármaco e a checagem em prontuário das medicações administradas pela equipe de enfermagem para ambos os grupos (p≥0,05). A avaliação pós-operatória dos sinais vitais mostrou que estavam dentro da faixa de normalidade e sem diferenças entre os grupos, com exceção da variável de pressão arterial sistólica que apresentou diferença estatística significante (p=0,044). A avaliação pós-intervenção dos pacientes pela equipe de pesquisa foi realizada no período pós-operatório imediato com mediana de 12,4 horas para o grupo controle e 12,8 horas para o grupo intervenção. Conclusão: Todos os pacientes da amostra, independente do grupo de alocação, apresentaram dor em níveis baixos, sinais vitais estáveis e nos parâmetros de normalidade, e estavam cientes de ter recebido analgesia. Portanto, para a amostra estudada não foi possível identificar impacto da intervenção END nos desfechos relacionados a dor aguda pós-operatória.