Estupros no Distrito Federal: possibilidade de prevenção com base em inteligência pericial
Crimes de Estupro; Ciências Forenses; Abuso Infantil; Violência Familiar; Brasil
Um estudo observacional de base populacional e corte transversal foi realizado com 3387 casos de estupro registrados pela Polícia Civil do Distrito Federal (DF) no período de 2018 a 2021. Os resultados indicaram que as diferenças nos parâmetros de periodicidade não foram significativas. As Regiões Administrativas (RAs) com mais casos por 100.000 habitantes foram SCIA/Estrutural, Brazlândia, Varjão, Paranoá e Fercal, em regiões com baixo Índice de Desenvolvimento Humano em relação à média do DF, com predominância de ocorrências em residências. A maioria dos crimes ocorreu em ambiente familiar, e a maioria das vítimas eram crianças/adolescentes do sexo feminino. Quanto ao perfil do autor, em 80% dos casos a autoria era conhecida, e 98% dos autores eram do sexo masculino. Houve uso de arma de fogo ou arma branca em 11% dos casos e 29% das vítimas relataram emprego de violência física, sendo a maior parte de grau leve. Quanto à violência sexual, cerca de um terço das vítimas sofreram conjunção carnal e metade delas, atos libidinosos. 119 vítimas engravidaram em decorrência do crime e 13 delas interromperam a gravidez, das quais 9 foram submetidas ao aborto legal. A identificação de características socio-demográficas e ambientais associadas ao estupro, assim como a análise forense, pode contribuir para a redução dos crimes, melhor planejamento de medidas preventivas e cuidado para aqueles em maior risco.