Avaliação da Acurácia do Teste de Força-Duração na Triagem Eletrodiagnóstica da Polineuropatia da Doença Crítica.
cronaxia; reobase; cuidados críticos; eletromiografia; polineuropatias; sensibilidade e especificidade; assimetria; estimulação elétrica neuromuscular.
Introdução: A sobrevida dos pacientes críticos internados em unidade de terapia intensiva (UTI) tem aumentado significativamente nos últimos anos, porém, com alta prevalência de sequelas funcionais - mentais, cognitivas e físicas. A principal complicação sensitivo-motora associada aos cuidados em UTI é a polineuropatia da doença crítica (PNDC). O diagnóstico e abordagem precoce dessa enfermidade é fundamental para melhora da morbidade, funcionalidade e qualidade de sobrevida. O estudo de condução nervosa (ECN) é considerado o principal exame para avaliar a presença da PNDC em UTI. Contudo, raramente possível devido dificuldades operacionais e logísticas. O Teste de Foça-Duração (TFD) apresenta-se como alternativa de triagem eletrodiagnóstica da PNDC em UTI, de menor custo e maior viabilidade. Porém, suas propriedades clinimétricas e poder de discriminação diagnóstica ainda não foram definidas. Objetivo: Avaliar a acurácia do TFD no diagnóstico da polineuropatia da doença crítica; a necessidade de medidas bilaterais (considerada a apresentação simétrica da PNDC); e a possibilidade de automatização dessa ferramenta eletrodiagnóstica. Método: Para alcançar estes objetivos, conduzimos três estudos transversais, envolvendo pacientes críticos adultos, em ventilação mecânica ≥ 72 horas, em UTI. Excluídos pacientes gestantes, portadores de doenças neuromusculares, com IMC > 35 kg/m2, com fraturas e/ou lesões em pele na área a ser avaliada, e com anasarca que dificulte a execução dos exames. No primeiro estudo, os participantes foram submetidos ao ECN do nervo peroneal (PENT), Teste Eletrodiagnóstico de Estímulo (TEDE) e ao TFD, com cálculo da área sob a curva de intensidade-duração de estímulo. Os resultados foram comparados para a determinação da sensibilidade, especificidade, acurácia e poder de discriminação diagnóstica do TFD. No segundo estudo, foram comparados os resultados das avaliações eletrodiagnósticas bilaterais pelo PENT, com foco na presença de assimetria e análise do impacto da lateralidade e lesões focais de sistema nervoso central (SNC) na apresentação da PNDC. No terceiro estudo, foi avaliada a possibilidade de automatização do TFD. Resultados: Os estudos demonstraram o TFD como alternativa viável para triagem diagnóstica do PNDC, superior ao TEDE, sendo definidas sua acurácia, poder de discriminação e ponto de corte para sensibilidade >90%. Ainda, a presença relevante da assimetria, com provável associação com lateralidade corporal e lesões focais de SNC. Finalmente, demonstramos que o método poder ser automatizado com segurança. Conclusão: O TFD constitui alternativa relevante para a triagem diagnóstica de PNDC em UTI, sendo sua versão automatizada igualmente confiável. Os testes eletrodiagnósticos devem ser realizados bilateralmente, sob o risco de comprometer a avaliação diagnóstica. Mais estudos devem ser realizados para esclarecer a influência da lateralidade e lesões focais do SNC no desenvolvimento assimétrico da PNDC.