ACOMETIMENTOS EM SAÚDE MENTAL EM PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM DUAS REGIÕES DO DISTRITO FEDERAL, DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19.
COVID-19; Saúde Mental; Profissional de Saúde; Atenção Primária à Saúde
A pandemia do novo coronavírus (COVID-19) desafiou cidadãos, governos e pesquisadores a mudarem seus hábitos. Uma estratégia adotada em grande parte do Brasil e do mundo foi o distanciamento social, com objetivo de reduzir interações sociais de forma física. No entanto, a pandemia e as ferramentas de enfrentamento causaram resultados além do espectro biológico de saúde. Mudanças de hábitos e rotinas causadas pela pandemia trouxeram acometimentos psicossociais, como o aumento dos quadros de ansiedade, depressão e menor bem-estar mental. Com isso, organizações de saúde veem com preocupação o aumento do consumo de substâncias, como o álcool, e os acometimentos em saúde mental. Um dos grupos de pessoas mais expostas aos diversos acometimentos em saúde causados pela COVID-19 são os profissionais de saúde. Com isso, o objetivo desta pesquisa foi analisar a percepção de profissionais de saúde da Atenção Primária sobre os acometimentos em saúde mental durante a pandemia de COVID-19 comparando duas regiões de saúde no Distrito Federal com perfis sociodemográficos e econômicos diferentes e que foram diferentemente acometidas pela pandemia. Tratase de um estudo do tipo misto, com dados quantitativos e qualitativos. Foi aplicado questionário, de modo online, com questões objetivas e subjetivas. Foi constatado que a única variável com estatística significância foi a do sentimento raiva, onde os profissionais da região mais vulneráveis apresentaram mais raiva do que os outros profissionais. Observouse, também, que o medo foi o principal sentimento direcionador para uma percepção negativa sobre a própria saúde mental. Um dado importante foi a perda de empatia dos profissionais para com os usuários dos serviços de saúde, além do aumento do consumo de medicamentos psicotrópicos. Conclui-se que houve acometimento da saúde mental de todos os profissionais de saúde pesquisados, independente da região onde atua, ocasionado pelo medo do novo e pela sensação de desamparo com relação ao governo na condução do enfrentamento à pandemia. É necessário cuidar de quem cuida, realizando ações e iniciativas de acolhimento e valorização profissional.