Análise da assistência hospitalar ao parto e ao neonato no brasil entre os anos de 2011 e 2022 e os custos advindos deste processo de cuidado: uma perspectiva do sistema público de saúde
Custos e Análise de Custo, Sistemas de Informação Hospitalar, Parto, Recém-Nascido, Recém-Nascido Prematuro.
Objetivo: Estimar os custos diretos sanitários decorrentes da assistência hospitalar ao parto e ao neonato no Brasil entre 2011 e 2022, estimar a taxa de mortalidade intra-hospitalar materna e neonatal, além de analisar a associação da idade gestacional do nascimento com os custos hospitalares. Métodos: Esta dissertação foi desenvolvida com dois estudos, um estudo transversal de caráter descritivo e um estudo ecológico de caráter analítico. Ambos utilizaram dados das populacionais do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e do Sistema de Informação Hospitalares (SIH), dados abertos e anonimizados. Para a caracterização dos nascidos vivos, foram incluídas declarações de nascimento do SINASC de nascidos vivos no sistema público de saúde do Brasil entre 2011 e 2022. Os registros hospitalares do SIH incluídos foram para neonatos (0 a 27 dias de vida) e mães hospitalizadas para procedimentos de parto. Os custos foram ajustados pela inflação e apresentados em reais (R$). Estudo descritivo: para a descrição dos nascidos vivos, da caracterização das internações hospitalares e dos custos hospitalares, as variáveis numéricas foram estimadas em médias e intervalos de confiança (IC95%), e as variáveis categóricas em medidas de frequência e porcentagem. Estudo analítico: para a análise de associação das classificações de idade gestacional do nascimento com os custos hospitalares neonatais, foram utilizadas as classificações de nascido termo, prematuro moderado a tardio, muito prematuro, prematuro extremo e pós-termo. Foi feita uma análise de Regressão Linear Múltipla de Poisson sendo a variável dependente a soma dos custos da assistência hospitalar neonatal no Brasil em cada mês de cada ano analisado, e a variável independente a frequência por número absoluto de nascidos vivos em cada classificação de idade gestacional. Resultados: Estudo descritivo: maioria dos nascimentos no SUS ocorreu por via vaginal, apresentam um pré-natal adequado (com 7 ou mais consultas), ocorreram em mães na faixa etária entre 20 e 29 anos, foram de recém-nascidos com idade gestacional a termo e peso ao nascer adequado. O custo direto de internações hospitalares para parto e neonatos entre 2011 e 2022 foi de aproximadamente R$ 37,6 bilhões. Partos cesarianos foram responsáveis pela maior parte das despesas com o parto (R$ 11,7 bilhões). As condições de saúde neonatal responsáveis pela maior parte dos custos de internações neonatais foram os transtornos respiratórios e a prematuridade. A taxa de mortalidade intra-hospitalar materna e neonatal foram de 29,7 por 100.000 e 43,2 por 1.000 registros de pacientes internados, respectivamente. Piores taxas de mortalidade e menores custos por mil nascidos vivos foram observados no Norte e Nordeste do Brasil. Estudo analítico: o nascimento a termo foi associado à redução de R$ 325 (IC95% -492; -157) nos custos de hospitalizações neonatais, e as classificações de muito prematuro e prematuro moderado a tardio foram associadas ao aumento dos custos em R$ 2.038 (IC95% 21.818; 25.893) e R$ 4.919 (IC95% 2.749; 7.089), respectivamente. Conclusões: Os custos hospitalares do parto e neonatal representam cerca de 14,6% de todos os custos de atendimento hospitalar no país no período. Os procedimentos de parto cesariano, transtornos respiratórios e a prematuridade se destacaram com maior impacto nos custos. Desigualdades regionais persistem com altas taxas de mortalidade intra hospitalar materna e neonatal e reduzido custo por mil nascidos vivos em regiões de maior vulnerabilidade socioeconômica. Promover políticas públicas voltadas para a redução da prematuridade se faz necessária na redução dos custos hospitalares neonatais.