RELAÇÃO ENTRE DESEMPENHO FÍSICO E DECLÍNIO DA CAPACIDADE FUNCIONAL DA ALTA HOSPITALAR EM IDOSOS BRASILEIROS HOSPITALIZADOS: ESTUDO LONGITUDINAL
idoso, hospitalização, atividades diárias, desempenho físicofuncional
o envelhecimento é um processo multifatorial em que ocorre o declínio fisiológico dos sistemas do corpo, contribuindo para o desenvolvimento de condições de saúde adversas e necessidade de hospitalização. A hospitalização gera períodos prolongados de repouso no leito, o que intensifica os efeitos negativos nos sistemas do corpo e contribui para o declínio da capacidade funcional. O desempenho físico da admissão hospitalar tem demonstrado associação com a capacidade funcional da alta hospitalar. Verificar o nível de desempenho físico da admissão hospitalar e as mudanças na capacidade funcional em idosos brasileiros que utilizam os serviços de saúde públicos favoreceria a identificação dos idosos em risco de declínio e o gerenciamento desses efeitos negativos. Objetivos: este estudo teve como objetivo verificar os efeitos da hospitalização na capacidade funcional dos idosos, a influência do desempenho físico da admissão na capacidade funcional da alta hospitalar e as ferramentas capazes de rastrear o declínio dessa capacidade. Métodos: estudo longitudinal prospectivo realizado com indivíduos com idade ≥60 anos internados em um hospital público do Distrito Federal, Brasil, entre julho de 2021 e fevereiro de 2022. A variável independente do estudo foi o desempenho físico avaliado pela Força de Preensão Palmar (FPP) e pela Short Physical Performance Battery (SPPB). As variáveis dependentes do estudo foram a capacidade funcional para as atividades básicas (ABVD) e instrumentais (AIVD) de vida diária e o declínio dessa capacidade, avaliados pelo índice de Katz e pelo questionário de Lawton & Brody. As análises estatísticas foram feitas por meio de medidas descritivas para caracterização da amostra, teste de Wilcoxon para comparação entre a capacidade funcional da admissão e da alta hospitalar, análises de regressão linear e logística para verificação da relação entre o desempenho físico da admissão hospitalar e a capacidade funcional da alta hospitalar e por curvas ROC para verificar a capacidade da FPP e da SPPB em prever o declínio da capacidade funcional da alta hospitalar. Resultados: a análise incluiu 75 participantes com mediana de idade de 71 anos. O declínio da capacidade funcional para ABVD ocorreu em 38,66% da amostra e para AIVD em 78,66%. O desempenho físico na FPP e na SPPB explicou 19,2 a 25,2% da capacidade funcional da alta hospitalar. Um ponto a mais na SPPB reduziu em 15,5% a chance de declínio da capacidade funcional para ABVD, mas não para AIVD. As pontuações de corte alternativas de 21 KgF na FPP e de 5 pontos na SPPB foram preditivas do risco de declínio da capacidade funcional para ABVD. Conclusão: a hospitalização contribui para um declínio significativo da capacidade funcional em idosos brasileiros. Os efeitos negativos da hospitalização na capacidade funcional da alta hospitalar podem ser rastreados precocemente por meio de medidas de avaliação do desempenho físico. O rastreio precoce permitiria a implementação de intervenções precoces, pela equipe multidisciplinar, para redução do risco de declínio da capacidade funcional na alta hospitalar.